O BRASIL EM TRÊS TEMPOS: O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO

Já não se roubam mais galinhas como antigamente. Houve aquele tempo que quase só se roubava galinha. Ou então mandioca. Mas os ladrões hoje são outros, evoluíram, ficaram refinados e mais organizados, viram que o bom mesmo é agir em grupos, para explodir caixas eletrônicos, assaltar carro-forte, roubar cargas, traficar drogas e armas, ou mesmo furtar celulares de transeuntes desatentos. Um celular vale bem mais do que uma galinha. Roubar galinha dá muito trabalho, o cara tem que ir de noite, no maior cuidado, e tem depois todo o serviço de sacrificar a ave, depená-la e tudo o mais. Não vale mais a pena. Hoje a alta malandragem convida os esfomeados a voos mais altos. Não vemos notícias de ladrões de galinha, mas de políticos gananciosos, recebendo vultosas propinas, lavagem de dinheiro e tal. Até os jogadores de futebol sonegam impostos. A polícia está corrompida, tem militar do exército entregando armas aos bandidos. Nunca houve tanta podridão nos altos escalões. E vão os pastores das igrejas aos presídios para tentar converter esses bandidos de hoje, mas pouco conseguem, o dinheiro subiu-lhes à cabeça. Enriquecer sem escrúpulos parece ser a regra, o patriotismo não vale mais nada. Há algumas décadas foram alguns religiosos visitar os presos confinados numa cela dessas cidades do interior. Gente feia, mal encarada, era tudo ladrão de galinha e ladrão de mandioca. Todos acabaram se convertendo, depois saíram da prisão e se tornaram bons cidadãos. Hoje o meliante se comporta na prisão para receber um indulto, aí sai e vai roubar, matar e estuprar. Chegamos numa encruzilhada. Se alguém vier me perguntar: que Brasil eu quero para o futuro? Respondo: quero aquele Brasil que foi no passado. Andar para trás parece ser mais negócio.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 24/01/2018
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