Um Arco-íris

 


24/01/18: um arco-íris coloriu a tarde, coroando um dia histórico para toda a nação brasileira.


Depois que a chuva de verão caiu, olhei para cima, e lá estava ele. Lembrei-me de três ocasiões que marcaram eventos importantes em minha vida, mudanças nas quais o mesmo aconteceu: olhei para cima, e lá estava um arco-íris, em resposta às minhas dúvidas e inseguranças.


Será que também desta vez ele significa esperança?


Ainda faltam muitas coisas para se poder dizer que vivemos em um bom país. Ainda há muita gente lá fora que merece o mesmo destino daquele que foi julgado e condenado ontem. Há até mesmo alguns que, mesmo sendo culpados, acabaram sendo soltos, devido a essas leis de mãos macias que acariciam bandidos e não os punem devidamente.

Ainda há o povo, que talvez por desespero, se recuse a ver que a esmola que lhes foi legada representa bem menos do que aquilo ao qual eles têm direito. Quem não tem nada, constuma contentar-se com muito pouco, com o mínimo possível. Um diploma de terceiro grau, que antes era inacessível, já basta, mesmo que o ensino seja de péssima qualidade e as universidades estejam sucateadas. Uma pequena casa situada há quilômetros de distância de qualquer lugar, e que não atende as reais necessidades de sua família, para quem não tem um teto ou mora em local perigoso, soa como um palácio. Bolsas ínfimas que remediam a fome de quem quase nunca tem o que comer, faz do seu doador um verdadeiro deus, a cujo cabresto eles ficarão eternamente amarrados.


Ainda faltam muitas coisas para que eu possa dizer que eu tenho fé neste país. Mas ontem foi um começo, que se não fez com que eu comemorasse (sou muito desconfiada), pelo menos acendeu uma pequena chama que talvez eu possa, daqui a algum tempo, chamar de esperança.


Quem sabe?


 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 25/01/2018
Reeditado em 25/01/2018
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