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O Rio Araguaia, divide as cidades de Santa Rita do Araguaia, em Goiás e Alto Araguaia, no Mato Grosso.
No ano de 1990, trabalhei algumas escalas, no Posto Fiscal Ivapé, na divisa.
No plantão, ficavam, eu, outro Fiscal Arrecadador, um policial militar e uma cozinheira. 
Geralmente, saíamos de Goiânia, de Ônibus, às vinte e duas horas e descíamos no Posto Fiscal, por volta das cinco da manhã.
Alguns fatos:
Certo dia, um Caminhão carregado de porcos, capotou próximo dalí.
Eu e o policial, fomos ver o ocorrido e verificar documentação fiscal e pessoal. O Policial, teve que ficar vigiando o caminhão e os porcos, até a Polícia Rodoviária chegar. Nesse tempo, alguns porcos fugiram para o mato.
Ficou tudo complicado, para o motorista e o dono dos porcos.
No dia seguinte, eu olho para a pista de asfalto, para minha surpresa, vejo dois porcos, passeando alí, tranquilamente.
Outro dia, percebemos alguns homens, atravessando a Ponte, montados em cavalos, em pêlo, entrando no Estado de Goiás.
Fiquei pensando... Porque não estavam montados em arreios?
No outro dia, descobrimos que eram Ciganos. Passavam os animais assim, para não pagar Imposto.
Por falar em Ciganos, certa vez, abordei uma cigana e o marido, com peças de roupas, no carro. Pedi a Nota Fiscal e a cigana disse:
São roupas de uso. Eu disse:
Essas aqui não são usadas!!. Ela pegou em minha mão e disse:
Posso ler sua sorte?
Eu disse: só depois que vocês pagarem o Imposto ao Estado.
Ela Insistiu... Leu minha mão... e concluiu que se eu cobrasse Imposto dela, uma coisa muito ruim iria acontecer comigo.
Matutei... Cobrei o Imposto deles, mas ela saiu me escomungando.
Um acidente doméstico:
Certo dia, a cozinheira, que era evangélica fervorosa, estava na cozinha, em silêncio, orando e colocou o feijão para cozinhar, na pressão e acho que esqueceu de colocar água. Conclusão:  a Panela explodiu e foi aquele estrondo, com feijão até no teto. Ela gritou: Jesus...Amado
Nós pensamos que fosse um estouro de pneu de caminhão ou uma bomba.
Um caso inusitado:
Um colega, de Goiânia, só queria trabalhar em escala, ali no Posto Fiscal. 
E bem em frente, tinha um Armazém, onde trabalhava uma linda moça, filha do proprietário.
E nesse vai e vem, um olho no Posto e outro no Armazém, o Colega acabou se casando com a garota.
Um inconveniente:
Certa vez, à noite , apareceu um sujeito encardido, tonto e encrenqueiro.
Ele me perguntou: Tem pinga aí?
Eu disse: Cara, aqui não é bar, é Repartição Pública.
Eu ofereci: Você quer água ou leite?
Ele ficou bravo e disse: quem bebe leite é bezerro.
Eu disse: Então vai embora, senão vou chamar o Policial, que tá descansando.
Ele disse: não tenho medo de polícia.
Eu disse: e de Fiscal, você tem medo?
Ele disse: não tenho medo de covarde igual você.
Eu disse: Você tá conversando fiado. Eu estou aqui, trabalhando, então, não atrapalha o meu serviço. Por favor!...
O sujeito não calava e não arredava o pé dalí.
Já nervoso, peguei o meu 38, coloquei no balcão.
Ele viu e disse: Você vai me matar?
Eu disse: Matar bêbado igual a você, é covardia.
Aí, ele foi embora, me xingando de todo nome...

Em Posto Fiscal, acontece sempre o inesperado.
Jaime Teodoro
Enviado por Jaime Teodoro em 30/01/2018
Reeditado em 22/02/2019
Código do texto: T6240604
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