`EPHÉMEROS` - KENNEDY MAQUINE

EPHÉMEROS`

KENNEDY MAQUINE

Não sei ao certo se tal pessoa existiu ou se em meus devaneios eu suscito uma personagem fictícia criada por outrem, talvez escreva para exaltar a verdade que alimenta a vida vaidosa de algumas pessoas, quem um dia não disse: “a vida é minha eu faço dela o que eu quiser”. De repente você vive assim “patinando sem sair do lugar”, e...

Descia e subia a rua, a impaciência em pessoa, deixando escapar, de seu corpo, um odor que repelia os transeuntes para outras calçadas. Essa cena repetia-se, levara anos de sua existência. Alguns estudantes, na praça se expectavam, bem envolvidos num olhar de terapia psicológica.

Em outras primaveras vivera um grande amor. A tarde trazia consigo a ansiedade da pessoa amada. As impressões e os tremores corporais, a gastrite nervosa, tudo vinha junto neste momento mágico. Mas algo desencantara, e ela, não deu mais ares de graça. Sumiu sem vestígios.

A pontualidade registrava a chegada de uma senhora com uma marmita na mão. De semblante abatido, sentou-se no banco da praça, e ecoava docemente um nome. Naquele instante era quebrado o transe: ele se aproximava dela em silêncio, dava pra ler os lábios da mulher dizendo enquanto ele comia - eu te amo meu filho – era sua mãe.

A boa educação, dos valores familiares, não foi suficiente para mudar o destino escolhido. A desonra do filho levara seu pai a óbice. “As más companhias corrompem os bons costumes” repetia o bom homem, porém ele se foi com os transviados do seu tempo. A noticia de sua prisão por roubo, drogas e assassinato, fora suficiente para o infarto.

A mulher vai embora, ele volta ao seu destino, subindo e descendo como antes. Outrora, internado para tratamento psiquiátrico, mas ocorridas diversas fugas retorna à mesma praça e mesma rua. As razões, daquilo, os especialistas descobririam.

Aquela praça e a rua eram o ambiente de toda a sua existência feliz perdida: ele andava sempre esperando a mulher amada e os amigos, e continuava esperando durante longos anos. . Não conseguia admitir: perdera seu grande amor e seus amigos. No mais, não existia nada além do que esperar por eles.

Durante algum tempo, amigos e familiares tentaram dissuadi-lo dessa sina. Sem sucesso, o máximo que conseguiram foi muita histeria e ofensas.

O seu mundo não seria mais o mesmo, enquanto ele subia, descia um grande caminhão desgovernado na contra mão de sua vida para libertá-lo. A espera terminara, no chão, sangrando, viu chegar, em êxtase - o grande amor de sua vida e todos os seus amigos de juventude.

Apertando os olhos de dor e satisfação, gritava amor da minha vida para sua mãe. Em derredor estudantes de psiquiatria e os vizinhos que vieram socorrê-lo ouviam seu discurso sem entender. Deveras emocionado conclui: valeu a pena esperar, aqui estão todos. Em suas últimas: despiu sua alma solenemente estampando um sorriso em rosto e se foi.

Kenne Dy maquine
Enviado por Kenne Dy maquine em 31/01/2018
Código do texto: T6241036
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