E AÍ GOSTOU DO MEU CABELO?

- E aí amor, gostou do meu cabelo?

A pergunta criou uma situação delicada. Disfarço, continuo o que estou fazendo, finjo que não escutei, desconverso, pergunto como foi seu dia. A ideia era fazer com que o diálogo se encerrasse por ali mesmo, passasse despercebido e mudássemos de assunto.

Não funcionou.

- Amor, você não respondeu minha pergunta. O que achou do meu cabelo? Ela insiste.

A artimanha não dera certo. Restava-me responder. O que eu acho do cabelo dela? E agora?

Que raios ela havia feito no bendito cabelo?

O homem é pouco observador em se tratando de detalhes da beleza feminina, ele observa o todo, o conjunto, sem fixar-se em pequenas modificações. Já as mulheres, todas elas, têm o mau hábito de pedir opinião sobre sua beleza para os maridos.

Normal.

Elas se enfeitam, emperiquitam-se, dão muito valor aos pequenos detalhes de sua beleza, ficam tardes inteiras nos salões , compartilham com as outras seus resultados, regozijam-se entre elas. Certamente vão querer continuar com sua satisfação quando chegam em casa. Com quem? Com quem? Com seus maridos, lógico.

Afinal, depois das outras mulheres, a pessoa pelo qual elas arrumam-se para parecer mais belas são justamente os seus maridos. Cabe a nós, os maridos, está missão, desculpa o trocadilho, cabeluda, de dar nosso parecer.

Essa preocupação com os detalhes é natural nas mulheres e tem explicação na pré-história. A pré-história tem explicação para tudo.

Enquanto o homem dedicava-se a caça provendo alimentos para sua família, era função delas cuidar de sua prole, que geralmente era numerosa.

Cuidar de crianças requer muita observação e cuidado como todos nós já sabemos. Os pequerruchos são espertos, agitados e principalmente curiosos. Naquela época não era diferente. Encontravam uma aranha e já queriam colocar na boca, se vissem um tigre de Dentes de Sabre já corriam atrás para puxar seus pêlos. Isso dava um trabalhão danado para sua pré-histórica mãe que precisava ficar constantemente de olho em todos eles.

Ela precisava saber se não faltava nenhum filho ao final do dia quando iam para a sua caverna. Se eles não estavam com fome, doentes, com febre . . . Estas coisas que as mães , zelosas que são , fazem tão bem até hoje.

Este modo de vida, desenvolveu nas mulheres uma capacidade de concentrar-se em pequenos detalhes e dar a eles uma importância que para os homens passava completamente despercebido.

A função deles era a caça. E como vocês bem sabem para caçar não é necessário muita minúcia, tanto hoje em dia como na pré-história, bastava ao caçador observar para que lado o bicho iria correr, não importando se o pêlo dele fosse loiro, moreno, com mexas, escova progressiva ou sabe lá outro tipo de penteado.

Os milênios se passaram, a vida mudou completamente, o homem e a mulher pré-históricos evoluíram muito, fizeram várias descobertas , entre elas a hidratação definitiva, a chapinha, o Botox sem formol. O homem não conseguiu acompanhar todas estas mudanças, era muita coisa para a sua , olha o trocadilho novamente , cabeça.

Então mulheres, não queiram que os homens vejam agora o que em milhares de anos não viram, não faz parte de sua natureza.

Quando Romeu declarou seu amor para Julieta ele não entrou em detalhes sobre o tom da cor do cabelo dela ou de como o esmalte que suas unhas combinava com seu vestido. E a peça de Shakespeare nem por isso deixou de ser reconhecida como a maior história de amor de todos os tempos.

Ele olha para você e lhe acha bonita , isso basta , deveria bastar para você também.