Antíteses

Quando olhamos pro nada, absorto em pensamentos vazios, onde nada existe e nada haverá, quando olhamos pro nada, procurando por um resquício de esperança, olhamos na verdade para dentro de nós mesmos. Autoanalisando, refletindo, sem nos darmos conta, estamos deixando esse tal inconsciente agir, e ele nos leva para lugares inimagináveis, e nós, em nossa pequenez não entendemos, por isso não vemos, e talvez nunca entenderemos o que ele deseja nos mostrar.

Por que só me sobrevêm estes pensamentos quando estou só? Por que me é perturbadoramente boa essa sensação? Por que eu anseio por saber coisas que nunca deveria saber? Por que eu nunca sei todas as perguntas que devem ser feitas e a quem? Por quê?

Gostaria de não ser tão controladora, gostaria de saber que na verdade só tento, nada controlo na verdade... É tão difícil sentir que não se pode controlar, as coisas e a si próprio... Ou será que me controlo demais, a ponto de a qualquer momento explodir e causar danos reais? Será que irei machucar quem estiver próximo a mim?

Entre “serás e porquês” eu continuo vivendo essa minha boa vida, sem nada de extravagante, nem grandes misérias, entre o Nada e o Tudo, entre uma felicidade e outra, entre eles e eu.

Acredito que essa falta de unanimidade me torna alguém VEROSSÍMIL, alguém que sangra e chora, que sente e ri. Alguém que gradualmente transpõe a linha invisível que divide a luz das sombras, que se “divide” em bem e mal... Alguém que permanece atravessando as fronteiras de cada lado, constantemente, sem parar... Que nunca se deixará definir... Que permanece mutável. Essa é minha única limitação, não ter demarcação!