Chupando o dedo

Estou aqui sentado na minha espreguiçadeira, quando de repente minha memória vai lá no fundo do baú e me deparo no mês de Dezembro do ano de 1981.
Eu estava de férias e retornava da casa da minha avó em Medeiros Neto na Bahia, quando resolvi dar uma parada na casa do meu tio Edmilson em Nanuque (MG).
Naquela época meu tio trabalhava como motorista na empresa Rio Doce e estava de malas prontas para realizar um especial que iria sair de Ibirapuã cujo destino seria Porto Seguro, ambas as cidades localizadas na Bahia.
Ter a oportunidade de participar desse especial era tudo que eu queria naquele momento, e logo fui dando um jeito de convencer meu tio que acabou concordando. Mesmo correndo o risco de ser multado pela Polícia Rodoviária Federal, fui á frente e aproveitava para fazer companhia para o motorista, caso alguém me perguntasse algo, diria que era o seu cobrador.
Passamos na garagem, o meu tio pegou o ônibus que já estava liberado para a viagem e partimos rumo à tão querida e hospitaleira Ibirapuã, onde o povo já estava de prontidão, ansiosos pela chegada do ônibus na pracinha da cidade.
De antemão eu estava preocupado, pois não sabia como as pessoas iriam reagir diante dessa intrusão, por que eles pagaram o especial, meu tio era o motorista, mas eu não passava de um intruso, querendo participar daquela festa, rs. Mas graças a Deus que existem pessoas generosas nessa terra. O especial era de alunos e professores de uma escola e fui aceito por todos com exceção do professor de Educação Física que viria a ser um osso duro de roer. todavia com o carisma que o Senhor me concedeu, logo logo ele iria ser neutralizado e aquela iria ser a viagem mais marcante da minha vida.
O pessoal do especial tinha entrado em contato com o prefeito de Porto Seguro que prontamente deixou a disposição da turma um grupo para serem acomodados.
Aquela estava sendo uma viagem totalmente atípica, a começar pela minha intrusão, agora a nossa hospedagem seria numa escola, mas eu estava amando tudo isso, não poderia ter sido algo melhor.
Durante a viagem uma jovem me chamou a atenção, que no momento não lembro o seu nome, mas uma coisa é fato, a sua imagem ficaria para sempre guardada em minha mente. Primeiro pela forma gentil e educada que me tratava desde o primeiro momento em que a vi e segundo por que ela era possuidora de um corpo invejável. Ela era ruiva, cabelos compridos, cintura delicada, um bumbum bem torneado, coxas roliças, altura mediana e era possuidora de um sorriso que deixava todos com inveja. Agradeço muito a ela, pois foi uma das que incentivou a minha permanência perante o povo, pois se dependesse do professor, eu não passaria de Ibirapuã.
Mas volto a dizer, eu tive que usar muito óleo de Peroba e ter muita paciência, mas valeu a pena, rs.
Todos já estavam apreensivos para chegar em Porto Seguro, era noitinha quando enfim chegamos na escola. Cada um foi procurando o seu cantinho, que iria ser a nossa casa nos próximos quatro dias.
Todos já estavam arrumados, de barriguinha cheia, quando resolvemos conhecer o movimento noturno da cidade. Fui logo enturmando com os rapazes e partimos rumo a noitada. Aquela turma de adolescentes esfomeados, ansiosos por aventuras amorosas, pareciam mais um bando de presas do que realmente caçadores.
Depois de muita peregrinação paramos em frente uma boate. Parecíamos que estávamos num campo de batalha e prestes a travar uma guerra há qualquer momento. Na parte esquerda lado a lado estava eu e os rapazes de Ibirapuã, e a nossa direita lado a lado as meninas que mais tarde eu ficaria sabendo que eram de Ataléia (MG). Aquela seria uma batalha que não iria ter nem vencidos e nem vencedores, pois todos estáticos ficavam, medrosos, apreensivos, tímidos. Até que tomei a coragem e tratei de aproximar das nossas adversárias. Procurei ser o mais atencioso e carismático possível, para que caísse na graça daquelas donzelas, algo que breve iria acontecer e elas me convidaram pra entrar e sentar-se à mesa com elas.
Tem uma piadinha que fala que a somatória de noventa e nove vacas mais um boi, são noventa e nove cabeças, por que um boi no meio de tanta vaca perde a cabeça.
Eu sei que é essa anedota é meio esdrúxula, mas eu fiquei tão envaidecido no meio de tanta mulher, que faltava dar um enfarto de tanta alegria e tanta pose. E pra piorar mais a situação, eu queria dar atenção pra todas, e frustrado fui ficando quando cheguei a triste conclusão que seria praticamente impossível fazer isso. Ai como forma de desafogo, eu resolvi chamar todos os rapazes de Ibirapuã e apresentei para as meninas que estavam na mesa.
Apesar do meu papo e carisma, faltou-me atitude e objetividade, quando me dei por fé, lá estava eu sozinho no meu cantinho chupando o dedo, e os rapazes gracejando e beijando as moçoilas.
Mas tudo bem, se naquele dia eu não arrumei uma namorada ou uma paquera, pelo menos consolidei minha amizade com a turma de Ibirapuã e também da de Ataléia.
Todavia compensando o meu vacilo na boate, os outros dias seriam bem marcantes, onde eu iria desfrutar da atenção e cuidados da jovem ruiva, momentos estes que ficaram eternizados na minha mente.

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 01/02/2018
Reeditado em 01/08/2020
Código do texto: T6242472
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