O (RE)ENCONTRO

Uma semana tinha se passado desde o dia que conheci E. e descobri que aquela química toda teria prazo de validade.

Era um pesar muito grande saber disso... como uma pena de morte já marcada, com data e hora. Mas exatamente, dia 12 de agosto, a data em que E. voltaria para ilha da maçâ.

Eu tentava não fixar minha atenção nesse pequeno detalhe, passava os dias e me recordava dos bons momentos que passamos.

E. tinha seus 26 anos, trabalhava na área da estética, tinha feito faculdade de cosmetologia, morava em Manhattan, seus beijos eram os melhores, e me deixava falar... sempre com um olhar interessado e um sorriso no rosto, o que cotava muitos pontos comigo!

Quando saímos da boate, tive a oportunidade de conhecer E. mais a fundo, e deixar que E. me conhece também... O papo era tranqüilo, leve e engraçado. Aliás nós não tínhamos compromisso com nada...

Passado uma semana, eu só sabia uma coisa, que provavelmente E. estaria na boate àquela noite, em uma nova sexta-feira, mas não tinha certeza, já que com toda ânsia de pele, de beijos e de saber da vida do outro, nem pensamos em telefone ou qualquer meio de comunicação.

Mas eu não iria deixar o prazo vencer, ia tentar o reencontro...

No decorrer da vida, encontramos muita gente, algumas ficam para sempre, seja em presença ou memória, e outras passam... deixando alguma coisa, ou não, passando despercebidas.

Mas o maior encontro de todos, seja de um ser humano ao mais feroz dos animais, é o encontro da mãe com sua cria, que desde o início já cria um elo.

E assim acontece com todos os encontros especiais, criamos um elo ou não. E é ele que determina o futuro dos próximos...

O nosso elo já tinha se formado, a única coisa que estava no meio do caminho era uma passagem marcada de volta para casa...

- Vamos viver, o que tiver de ser, será! - dizia Di me animando...

E eu sabia que ela estava certa, mas novamente alguém tinha acendido a caldeira e todos os sentimentos começavam a ferver, não reconhecendo os sinais de perigo.

Três cartas do Tarot caíram sobre minhas mãos, momentos antes de colocar o pé para fora, a mensagem era clara, Lua, Enamorado e a Estrela...

Eu sabia o que cada uma significava, e saber isso, poderia passar por qualquer influência negativa que a lua já apontava, e por qualquer dúvida ou caminhos que o enamorado colocassem a minha frente, pois no final sabia que iria chegar ao céu, e encontrar a estrela mais brilhante de todas e ter tudo que eu queria.

Me pus para fora, e tudo que o tarot já me alertava começava a se concretizar...

O mundo caía sobre minha cabeça, um temporal fortíssimo banhava a cidade, meus amigos todos desmarcaram na última hora, restando apenas um salvador da pátria que ainda dava certeza.

Nada me abalaria, eu tinha um foco, um ideal, e eu iria atrás dele...

E assim fiz... Lógico que E. estava na boate, as cartas não mentem jamais... e algo dentro de mim já me dava essa certeza.

Ao adentrar na boate... era inevitável não procurar.. com os olhos, com a mente e principalmente com os meus lábios, que pediam seus beijos...

Tudo que vivemos em apenas UMA única noite, fora tão bom que merecia outras doses...

Lá estava E, acompanhado de um figura...

Ao me aproximar, fui recebido por um beijo apaixonado e um sorriso estampado.

Já a figura fechou a cara, não gostando muito daquele reencontro.

Eu pensei que era ciúmes por E. estar comigo, mas quando E. se afastou, a tal figura se aproximou cheia de intimidade, notei que o problema não era E. estar comigo e sim eu não estar com a figura!

Infelizmente ela continuaria com seu problema, já que eu estava com E. e não pensava em trocar aquele za za zu, por um “za za rabo de saia”...

Aquela noite realmente fôra de grandes encontros.. E. estava lá... antigos amigos apareceram do nada, novos amigos também cruzaram meu caminho.

E aquela noite estava fadada ao sucesso e a ficar marcada como a noite dos encontros...

Mas definitivamente o maior encontro acontecera dentro de mim mesmo, eu finalmente estava colhendo o que tinha plantado, tinha encontrado a minha paz interior, e o que importava se aquele E. iria embora, se agora eu estava completo comigo mesmo? Ate porque o que tinha acontecido naquela boate, naquela pista de dança, dentro de nós dois, ficaria para sempre!

Antes de ir embora olhei para E. novamente e beijei sua boca.

Eu podia ir tranqüilo, não tinha com o que me preocupar, eu ficaria bem... Finalmente tinha encontrado o equilíbrio dentro de mim, e se sentisse falta, agora eu tinha seu MSN.

E é assim que os encontros são... não tem como prever quando eles aconteceram. E quando eles chegaram ao fim... mas podemos seguir em frente, por que há uma porção de novos encontros e reencontros nos esperando. E foi isso que eu resolvi fazer, seguir em frente, sem olhar pra trás.