A ESPAÇONAVE DO TEMPO

Quero viajar na espaçonave do tempo, através de meus pensamentos e transportar-me até o passado. Enveredar-me por minha rica e inesquecível infância e junto com o meu povo (povo de minha época), voltar a brincar de: Bola de Gude; Rapa; Peteca; Boca de Forno; Baleado; Toca; Esconde-Esconde; Barra. Bandeira; Garrafão; Une e Dune e Tê Triangulo; Peínha Quente; Cabra Cega; Errei; Passar o Anel; Amarelinha; Marré-Marré; Pião; Galamate (gangorra); Carrapeta; Soltar Papagaio(Pipa); Pegar Passarinho; Tomar banho no Açude, Nu, fazer minhas próprias gaiolas, mal feita que meu pai pacientemente concertava-as; Gazear ou matar aula e dizer em casa que o professor está doente.

Num voo rasante, transportar-me-ei a minha conturbada adolescência; retrocedo-me ao tempo de Seminário na Bahia, onde aprontei todas: Viajei para Minas, São Paulo , Namorei de Batina, dormi em um cabaré em Placas Pernambuco e por incrível que pareça foi o lugar onde como “padre” fui respeitado. Disse dormi? Melhor dizendo tentei dormir, pois o entra e sai de homens a noite toda e a tentativa da dona do Bordel explicar que tinha um padre dormindo ali. Um padre? Indagava um; Aonde perguntava outro; e todos queriam ver se era verdade e um a um abria a porta para verificar. E a dona saia dando explicações. Acho que quem deve dar explicações sou eu. Placa era nos anos 63, um lugarzinho onde não tina pousada nem hotel e como o ônibus só passava uma vez por dia, tinha que tomar o do dia seguinte e eu tinha chegado a tarde de carona, o único jeito foi dormir ali na casa da perdição, como era chamado na época o cabaré .No outro dia , logo cedo, fui agradecer e pagar o pernoite o que a Madame gentilmente disse-me : não é nada foi uma honra para mim. Penso que aquele prostíbulo nunca foi tão freqüentado como, naquela noite, pensei com meus botões, eu era que devia ter cobrado um cachê.Fui a atração da noite, o povoado todo veiu me ver acho que até algumas mulheres disfarçadamente frequentou naquela conturbada noite o cabaré.

Mais uma vez aterrizo-me em uma determinada época de meu passado Vêm-me as saudades e enche-me de tédio a minha alma quando navego no tempo e transporto-me aquelas homéricas farras onde bebíamos 6 a 7 garrafas de cachaça, na beira do rio, na serra de Osmar ,onde hoje encontra-se a imagem do Cristo, de segunda a sexta feira. Na sexta a tardinha, juntávamos os vasilhames, vendíamos nas bodegas e no dia seguinte, com o dinheiro, na sorveteria Sorvedrik de Walter Inácio, bebíamos um litro de rum e duas cocas de maneira civilizada e sobre tudo para impressionar as meninas.Navegando ainda na nave espaçonave do tempo, aterrizo-me na A.C.R.E.I.( Associação Cultural-Recreativa dos Estudante de Itaporanga). Permita-me fazer uma resalva: substituir Cultural por Cachaçal; pois bebia-se muito, dançava-se muito e cultura..., a não ser que beber e dançar seja cultura, ao som do s Beathes, Trine Lopes Roberto Carlos Billy Vough, the Jordans; Os Incriveis ,Renatos e seus Blue Caps com as musicas: o milionário, tema de Lara, entre outros.

Dando asas a minha imaginação, reporto-me aqui as minhas namoradas que não foram muitas, porem as amei como se fosse para casar. Se realmente pudéssemos retroceder o tempo, voltaria e namoraria todas elas de novo, umas com mais intensidade que outras, pois agora saberia dar o real valor e o significado que cada uma teve em minha vida.

Ao despertar desta viagem, acordo-me já adulto, homem feito, sem arrepender-me, e se retirar nenhuma virgula, do que semeie na infância e adolescência, cujo fruto estou a colher. Alguém já disse e eu repito: “ Não me arrependo do que fiz mas, sim do que deixei de fazer”

João P ESSOA-PB,28/12/1998 Francisco Solange Fonseca

FSFonseca
Enviado por FSFonseca em 07/02/2018
Reeditado em 07/02/2018
Código do texto: T6248088
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