Carnaval (eu como um ET no meio dos blocos)

Eu não tenho muita familiaridade com carnaval. Quer dizer, eu nem gosto muito. Pra ser sincero, eu detesto. rs Mesmo. Pra mim, é bastante complicado me ver no meio de um bloco, numa multidão, cantando aquelas coisas alegres, tipo a música nova da Metralhadora. Sei lá, não combina muito comigo. E só de pensar em querer fazer xixi no meio daquilo e não encontrando lugar adequado ou a fila está quilométrica para o banheiro químico, me dá um certo arrepio. Ok, vão dizer: "Você está velho" ou mesmo "Você é velho". Deve ser, disso não discordo. rs Mas sempre foi assim, desde que eu me entendo por gente. Nunca fui de carnaval. E nem tenho essa obsessão de querer aproveitar os instantes de folia pra beijar na boca. Até porque nunca fui esse pegador aí - rs - e desde os 18 a maioria dos carnavais eu estava namorando.

Às vezes que fui a um bloco ou curti o carnaval, conto no dedo. Em muitas fui por causa da namorada. E, confesso, aquilo me fazia um mal. Era chegar o período do carnaval para eu começar a sofrer, como se fossem me colocar numa prancha para eu caminhar de olhos vendados e o mar cheio de tubarões prontos para devorar. Noooossa! Gente, isso não é vida! rs E eu ia e me sentia um ET. Não conseguia me divertir e ainda ficava chateado porque a minha namorada gostava daquilo, queria curtir e eu, de certo modo, atrapalhando a alegria dela. Nestes momentos acentuávamos ainda mais as nossas diferenças. Pior era ver os amigos dela me olhando e tentando me animar: "E aí, Raul, tá muito parado, vamos agitar!" Como se aquilo fosse uma prisão que tem regras básicas, normas, e você tem que seguir. E eu não seguia e era condenado. Aquilo, com certeza, me violentava muito, porque não me deixava feliz e, cara, a vida só é uma e eu tenho que fazer algo que me deixa feliz. Sempre, de preferência.

Mas não condeno quem curte. Acho maneiro ver amigos em blocos, no desfile das escolas de samba. Porque sei que eles curtem mesmo, de verdade. Estão lá pelo prazer que aquilo causa neles. Ou eles não pararam pra pensar muito e estão se jogando, cegamente. Pode ser!

O meu prazer é outro. Se alguém me chama para ver filmes ininterruptamente, meus olhos brilham. Assim como conversar e ouvir boa música. Ou falar sobre livros. É minha onda. É onde me sinto confortável e posso ser eu mesmo. Então, não há nenhum problema. Eu que tenho que procurar isso, algo que me liberta ao invés de me colocar amarras.

No mais, acho legal ver os desfiles das Escolas de Samba. Enquanto espetáculo acho bem curioso. E tocante mesmo. E adoro ver as gafes da festa, repórteres perguntando uma coisa e o entrevistado respondendo outra. Acho divertido ver aquela mulher que passa o ano se preparando para o evento, troca o silicone, malha como uma condenada em função de dois dias do ano, pra ser exato. rs E melhor ainda, a parte que é pura comédia, é a apuração dos votos das escolas. Dou altas risadas ao ver aqueles coroas, dirigentes das escolas, discutindo entre si, feito criança, dizendo que roubaram a escola, que compraram os jurados, que vão processar, etc e tal. E muitos até choram, feito bebês, com a derrota. Isso me diverte muito. rs

Então, este texto era só pra desabafar. rs E só tem sentido se eu postar agora. Depois qual é a graça? Quer dizer, nem agora isso tem graça, porque você está pulando o seu carnaval, enquanto eu estou em casa, digitando essas palavras que só tem sentido pra mim, na verdade.

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 09/02/2018
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