UM OLHAR SOBRE O SEXO CARNAVALESCO

          A maior festa pagã do homem ocidental tem suas origens na antiguidade, mais precisamente na Mesopotâmia quanto na Grécia e Roma também. Seu significado mais comum vem do Latin, Carnis Levale, que se traduz em "retirar a carne".  Sua existência hodiernamente parece ser uma manobra da Igreja Católica de impor-lhe uma significância de festa pagã, cujo objetivo era ser realizado um jejum durante o período da quaresma e também fazer um controle dos prazeres mundanos. Nesse ponto eu acredito que ela perdeu terreno e não foi pouco.
          Talvez a essência mundana e permissiva do carnaval encontre respaldo maior nas comemorações Greco-romana do que nas subversões dos papéis sociais dos deuses Mesopotâmicos. Esta associação que temos entre o carnaval e as orgias carnais, os bacanais e as festas dionisíacas para os gregos eram atividades dedicadas ao deus do vinho, BACO, cuja característica principal era a embriaguês e a entrega aos prazeres da carne, sexo sem limites. O interessante é a marcante presença do cristianismo ocidental, onde esta festa é conhecida por ocorrer no período dito como "tempo da septuagésima ou pré-quaresma".
          Alguns países estilizaram sua festa carnavalesca com adição de  seus elementos culturais próprios e algumas vezes de outros , modificados, de povos distintos. Será a globalização enraízada à tempos? Mas a cereja do bolo do carnaval é aquela que trazuz o ponto de vista antropológico, afinal, é uma festa de expressão do humano, e este possui suas facetas, muitas aqui reveladas, ou seja, ela constitui-se num ritual de reversão, onde papéis sociais e comportamentais são aceitos com valores adulterados e invertidos, onde as normas de se está em sociedade pré-estabelecidas são suspensas temporariamente. Isto é a permissividade institucionalizada, o poder fazer sem ser reprimido ou julgado socialmente. O sexo neste contexto não é diferente, é marcante.
          A presença sexual é a marca registrada no carnaval brasileiro de hoje, o dito moderno. Embora uma miscelânea de elementos estejam presentes nesta festa, temos como seu ponto fundamental, a carne, a orgia, o divertimento com e sem limites, a promiscuidade aflorando e florando espontaneamente. Não é de interesse desse texto discutir interesses, atacar, defender ou dividir opiniões, apenas um olhar como outro olhar pode ser feito, olhares. Vejo como exemplo, uma mulher casada, mãe de filhos, alguns pequeninos ainda, viajar e preferir a companhia de amigas em vez da família, para se divertir quatro dias e quatro noites num litoral apinhado de foliões e pessoas estranhas de todo tipo. Fico a pensar e a imaginar quais valores morais e éticos restaram para esta mulher, em que plano estariam agora tais valores para ela. Seria isso apenas fruto do carnaval? Penso que esse casamento já deu o carnaval que tinha que dar, hoje só restam cinzas frias. Outro exemplo que vejo consolidado é a orgia sexual do mesmo sexo entre centenas de foliões. Nada contra nem à favor, mas é carnaval, tudo pode nesse ponto, é a regra. Homens, jovens, corpos trabalhados esteticamente em centenas de horas de academia de ginástica, trocando carícias, beijos explicidos de linguas, fazendo sexo oral em espaços públicos compartilhados sem o menor pudor. Você acha que tá soando retrógrado e pré-conceituoso? Então tá, é sua opinião e não a minha. Isso cabe para mulheres também, indistintamente talvez? A dúvida é sempre um bom álibe, um aliado quando não se tem nada. A bebida, as drogas, as intemperanças e os prazeres licenciosos dão as direcionalidades das ações nas vias públicas, praias, blocos carnavalescos, clubes...
          É claro que não estou generalizando, existem famílias alegres, tradicionais ainda, respeitosas dos bons constumes, que sabem dimensionar os limites comportamentais, mesmo que ainda esta festa o permita transgredí-los. Sim ainda existe. A isto eu chamo de bom senso e respeito à moral. Mas sabe que o mais engraçado disso tudo, chama-se quarta-feira de cinzas! A remissão de todas as coisas feitas e excessos  em nome de BACO e DIONÍSIO. As cinzas do perdão acolhidas pela quaresma comportadamente. Ficam os filhos vindouros  de mães solteiras, frutos do carnaval, as doenças sexualmente transmitidas, a proliferação de infecções e a expectativa de que tudo se repetirá no ano seguinde cada vez melhor, em nome de uma felicidade efêmera, enquanto problemas mais urgentes, até existenciais, ganham um tom de tristeza permanente.
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 13/02/2018
Reeditado em 19/12/2020
Código do texto: T6252815
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