Nunca é tarde para retomar o seu lugar.

"Um certo homem possuía dois filhos, o mais velho amava ajudá-lo e sempre estava a disposição para o que precisasse. O mais novo sempre se furtava de ajudá-lo, pois dizia não gostar deste trabalho, preferia estudar.

O pai detinha uma fazenda e vivia de arar a terra, juntamente com a esposa e seus dois filhos.

Ocorre que, o tempo se passou e os filhos cresceram, mas a personalidade de ambos permanecia a mesma. O mais velho sempre mais amoroso com todos, pais e amigos, enquanto o mais moço sempre carrancudo e sozinho. Este último pensava em estudar e sair daquela vida.

Na verdade, como sempre fora poupado dos afazeres mais pesados nunca se preocupou com a manutenção da casa, acaba por ficar cada vez mais distante destes afazeres não compreendendo bem os dilemas da vida.

Já o mais velho, por ter sido constantemente exigido pelos pais e criado em constante ajuda mútua, acabou tomando gosto pelo trabalho do pai e ajudando, eficazmente à sobrevivência da casa.

Certa feita, em virtude de uma grande tempestade que durou meses, fez-los agir de forma a economizar alimentos e manter a casa, Só que, como seus pais já estavam idosos e não agüentavam mais arar a terra, acabou que os irmãos é que deveriam fazê-lo. Mas como só o mais velho estava acostumado a isso, tentou convencer o caçula a ajudá-lo, o que, depois de longos dias, conseguiu. Mas havia um problema. Como poderia ajudar se não sabia, o mais moço, nada sobre terra?

Por precisarem um do outro, tentou, o mais velho, ajudar o irmão nesta empreitada, e logo conseguiu. Mesmo desajustado, lá foram os dois arar a terra em meio àquele temporal.

No início o mais novo não sabia para onde ir, mas rapidamente seguiu o mais velho. Logo se uniram em prol de reduzir gastos e evitar desperdícios.

Determinado dia, o mais velho encontrava-se doente não conseguiu sair de casa, o que fez com que o mais novo tivesse de ir sozinho ao trabalho. No campo, aconteceu de ele encontrar insetos nos pés das plantas e, desesperado, borrifar altas quantidades de veneno fazendo os pés das plantas falecerem rapidamente.

No outro dia, ambos retornaram a terra e o mais velho percebeu o que havia acontecido e, perguntando ao mais novo conferiu o que imaginava.

O mais velho reclamou que este não deveria ter colocado tanto veneno nos pés da planta, nem por longas horas, sendo isso que fez-las morrer. Ademais, disse não ter lhe ensinado isso. Sentindo não só pelas perdas das plantas, mas pelo prejuízo financeiro que teriam por conta de uma desatenção dessas.

O mais novo se desculpou, mas disse não saber o que fazer e ter ficado desesperado, além de está só e fazendo um favor.

O mais velho agradeceu a ajuda, e, a partir de então preferiu arar a terra sozinho, pois, tendo em vista a condição física do pai, este não poderia mais voltar ao campo, e só lhe restava seu irmão, o qual não gostava deste trabalho e não detinha experiência algum acerca do campo.

Na verdade o tempo que o mais novo ficou em casa sem se importar com a terra da família lhe rendeu um total desconhecimento voltados para o único bem que a família possuía, a terra, o que, agora, mesmo tendo sido instruído, não pode ser bem administrado por uma pessoa inexperiente com ela.

Em casa, preferiram não contar para os seus pais, a fim de não entristecê-los, e o irmão mais novo, atento ao aprendizado que obtivera, prometeu, a partir de então, assumir o seu lugar na família, ajudando o seu irmão mais velho e inteirando-se acerca de tudo, posto que seu pai não mais conseguiria retornar ao seu lugar por conta da tenra idade.

Depois daquele dia, ambos os irmãos se uniram para arar a terra e evitar prejuízos para a família, o que os fez render cada vez mais e empreender constantemente, além de retomar a relação familiar que se fortaleceu.

Perceberam que, afora as diferenças particulares, é preciso fazer-se presente na condição que se tem e não abrir mão dela, sob pena de comprometer o bem estar de todos, inclusive o seu. Ou seja, a família deve sempre cuidar do bem que possui e favorecer o bem estar um do outro. Renunciar a sua própria condição é desconstituir a família em vida; o que equivale ao seu falecimento presente."