DIRIGINDO EM ARACAJU, CAPITAL SERGIPANA

DIRIGINDO EM ARACAJU, CAPITAL SERGIPANA

Para quem gosta de filmes de ficção científica, do tipo “StarWars”, principalmente quando mostram os alienígenas, quer dizer, figuras estranhas, tenho a sensação de que o filme foi gravado, melhor, rodado em Aracaju. Para confirmar o meu pensamento, basta dirigir pela Capital Sergipana, da zona sul à zona norte. Gostaria de registar as devidas desculpas aos verdadeiros extraterrestres. Caso cheguem a ler este artigo e, se não gostarem, segue o aviso: Poder Judiciário afirma que menção como esta é mero aborrecimento, logo, não configura dano moral.

Engraçado que, ao ver os futuros motoristas ou motociclistas tendo aula com os instrutores das auto escolas de trânsito (que de escolas não têm nada), tenho a certeza que o caos será ainda pior no futuro. Tenho para mim que, quem aprende com alguém da família ou amigo é totalmente diferente de quem aprende a dirigir ou guiar através dos ensinamentos em auto escolas. Pois estas, ensinam a passar nas provas do DETRAN e não a ser um verdadeiro motorista, pronto para guiar no trânsito de qualquer lugar do Brasil, que o diga os motoristas de caminhão, que passam de geração em geração o ofício da direção.

Aliás, a forma de segurar o volante, do mesmo jeito como se estivesse com dois mastros de bandeira, cruzados entre si, nas mãos e a maneira como fica próximo ao volante, são atos recorrentes entre muitos motoristas, fruto dos ensinamentos equivocados destes instrutores. Na verdade, as auto escolas de trânsito são verdadeiras minas de ouro, pois as delegações públicas que lhes foram conferidas, transformaram-nas em verdadeiras casas financeiras, cujo apoio do DETRAN é viabilizado em razão da corrupção que está impregnada naquela Autarquia, que não é exclusividade só de Sergipe, a não ser que alguém de lá coloque a sua mão no fogo.

No dia a dia chega a ser cômico dirigir em Aracaju. Nos retornos, sinal ou seta é algo raro a ser dado pelo motorista e muitas vezes tem medo de adentar no outro lado da via, pois não sabe medir a velocidade do carro que se aproxima (com isso, criam filas longas). Pessoas dirigindo tão próximos ao volante, como se o banco o esmagasse contra ele, que se em algum momento precisar frear bruscamente, com certeza acionará a buzina do veículo. Muitos à noite esquecem de ligar o farol e não sei como conseguem rodar pela cidade. Alguns, ao abrirem a porta, o fazem como se estivessem num deserto, além de abrirem a porta, ainda fazem de forma sem ter o cuidado. Nos congestionamentos, criam verdadeiros espaços, bolhas, que transformam o engarrafamento em algo maior do que parece e do que é. Dirigem falando ao celular, como se estivessem na poltrona de casa. Fazem conversões erradas e ainda reclamam como se o outro fosse o errado. Dirigem na faixa de velocidade (a da esquerda), com aproximadamente 30 quilômetros por hora.

Ainda encontramos os “nossos” BATMAN. Talvez, coitados, não tenham tido infância, e gastam dinheiro para rebaixar os carros e como nossas ruas, em sua maioria, são cheias de crateras ou com falhas no asfalto, estes motoristas ficam sentido cada pedregulho por onde passa. Claro que na cabeça dele, com certeza, não está a razão de que atrapalha o trânsito e sim, a felicidade de estar vivendo a sua super máquina, cheia de luz e som alto. Um verdadeiro “Mané”. Vale registrar que, no Estado de Sergipe existem poucos carros, ou seja, uma ou duas Ferrari, dois ou três porches, nenhuma lamborgini, ou seja, o resto, é meio de transporte. Por isso, nunca se vanglorie da sua condição em relação a um carroceiro, quando parar ao lado dele em uma rua.

Carroceiros, já ia esquecendo, são presentes nas nossas ruas, mas ainda assim sou mais eles do que alguns ditos “motoristas”. Temos motociclistas (gostam de motos, andam por prazer) e motoqueiros (trabalham com motos, não é uma opção o uso deste transporte), que no trânsito fazem muitas loucuras, como se estivessem procurando se acidentar a todo instante. Cada dia é mais moto e capacete feios andando na nossa cidade. Muitas das motos não têm a menor condição de circular pelas ruas, ao ponto de que se uma pessoa for atropelada, corre o risco de sobreviver ao acidente, mas morrer de tétano.

Motoristas de ônibus, coitados, também entram nesta bagunça, com um agravante, passam horas enfrentando todo tipo de alienígena, sem direito a ar-condicionado (se o dia mede 30º C, a sensação térmica para eles é de mais de 50º C) e em veículos de péssimas condições de uso. As empresas de ônibus usam e abusam das tintas, como se fosse possível esconder os 10 anos ou mais de vida de alguns veículos (fruto de uma concessão que até hoje não existe). Aliás, os taxistas, engrossam o problema do trânsito, pois muitos deles não sabem dirigir, literalmente (fruto de licenças ou autorizações, chamados de “pontos”, negociados ilicitamente, fomentando defensores aos invés permissionários legalizados – por isso não podem reclamar dos aplicativos de transportes, pois estes não têm o direito de comprar veículos com descontos ou isenções tributárias). Na mesma linha estão os motoristas de aplicativos.

Quando tem congestionamento, tenho a certeza que existe algum guarda de trânsito no local. Também pudera, muitos estão no emprego e não o fazem com zelo a sua honrosa função.

Os ciclistas também participam desta ciranda maluca que é o trânsito de Aracaju, mas eles deveriam ser muito mais, infelizmente as ciclovias são raras e as poucas estão sem condição de uso. Precisaríamos de mais ciclovias, até por uma questão de melhorias na qualidade de vida da população e também de mais uma opção de transporte. Saúde aos ET’s.

Os pedestres são, também, responsáveis pelo caos que vivemos no trânsito urbano. Independentemente de idade (pois a educação é um exercício de todos), simplesmente atravessam fora da faixa, passam entre os carros, não desligam o celular na travessia da rua, etc. Existem aqueles também que, fora da faixa, resolvem atravessar, como se estivesse num país europeu, e muitas vezes o fazem sem a preocupação com os motoristas. Resultado, acidente. Isto também ocorre com motoristas, que, do nada, incorporam um espírito de primeiro mundo, e param o carro para dar passagem, mesmo que para pessoas fora da faixa. Resultado, acidente. O pior é que quem atinge a traseira do veículo, dificilmente provará a sua inocência.

Nas escolas, nos horários de pico, a demonstração clara de que estamos num filme de extraterrestres, pois os país, ao invés de estacionarem seus carros poucos metros depois, ou na área de desembarque rápido, param em fila dupla, ou em qualquer lugar, do tipo “rapidinho”, para deixar o seus “monstrinhos” (talvez o pensamento seja: alguém pode querer raptar e vender o alienígena para algum zoológico espacial, ou coisa parecida), bem na porta da escola, sem se preocupar com o outro no trânsito. Complicado.

Além deste ambiente quase hostil, encontramos lombadas eletrônicas e foto sensores, que em regra, existem, pura e simplesmente para multar e arrecadar para os cofres públicos, sem que nada, de verdade, seja revertido para as vias públicas do nosso Estado, no caso em tela, para o benefício das ruas da nossa cidade.

Ainda encontramos os flanelinhas e os pedintes, mas ainda não são um grave problema como verificamos em outras capitais do país.

O problema está na falta de sinalização das nossas ruas, poucas placas e muitas vezes sinalizações confusas. Esta problemática é denunciada por todos, mas os governantes fazem “ouvido de mercador”.

Mas, o bom é que temos praia, para aproveitar o final de semana. Aí, você para num dos bares que margeiam a nossa Capital, e “pimba”, surgem os quadrículos guiados por adolescentes e muitas vezes crianças ou carros, cujos motoristas gostam de parar beirando ao mar. Resultado, o sossego de desfrutar um momento de lazer se torna em tempos de alerta e tensão, para não se deparar com um estresse ainda maior.

Bem, fora alguns probleminhas citados acima, dirigir em Aracaju é quase tranquilo. Um trânsito quase silencioso. Com motoristas quase educados e de boa feição. Quase...

Um Aracajuano

ABCOUTO
Enviado por ABCOUTO em 17/02/2018
Reeditado em 09/05/2022
Código do texto: T6256112
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