Nada além dos sonhos

O ensino médio é algo de suma importância na vida de qualquer estudante. É a partir daí que novas portas se abrem e é o tempo de cada um de nós escrever seu futuro. É também quando sonhos começam a ser construídos e buscamos a realização deles.

Assim eu via os estudantes da minha vizinhança; todos em busca de conquistas e oportunidades.

Eu adorava a euforia daquelas crianças que imaginavam e desenhavam seus "desejos". Aquilo causava em mim uma certa simpatia por todos eles, pois já tinha passado por aquilo e, com toda certeza, posso afirmar: é a melhor sensação que existe.

Sabe quando você quer muito algo e planeja de todas as formas um caminho para chegar lá?

Era essa a minha sensação. De imaginar, sentir, esperar, aguardar que cada sonho fosse real e a satisfação era imensa.

Por volta dos meus dezesseis anos, quando eu estudava no segundo ano do ensino médio, decidi que queria ser médico. Lembro-me de que minha mãe ficou completamente maluca de emoção. Lembro como se fosse hoje a alegria estampada em seu rosto e de sua expressão ao saber que o sonho dela era o meu também.

Também lembro de suas palavras:

- Filho, eu sei que você será um excelente médico. Será o orgulho da família. Mas eu te peço uma coisa:

- Qual mamãe?

- Lute por isto!

Ainda hoje me distraio no hospital pensando em suas palavras, de como a minha mãe queria aquilo e me apoiara tanto em minha decisão.

Como eu a amo, e ela sabe disso.

Portanto, quando terminei o ensino médio consegui passar no vestibular para o curso de medicina. Passei dez anos da minha vida estudando e me dedicando a esta profissão.

Eu não me arrependo desta escolha, uma vez que era o que mais sonhava para a minha vida.

Minha mãe ficou orgulhosa de seu único filho ter se formado, até chorava de tanta alegria.

Entretanto não foi nada fácil. Nem me lembro ao certo de quantos obstáculos tive que superar durante o curso. Naquele período meu pai ficou doente e minha avó Marina faleceu.

Mas como disse minha adorada mãezinha:

– Lute por isto!

E foi o que fiz.

As coisas melhoram bastante depois de um tempo, principalmente quando terminei o curso na faculdade. Passei como o primeiro aluno da turma.

Quem diria que um pobre menino da periferia de São Luís chegaria tão longe?

Por fim chegou o dia da formatura. Daquele dia eu nunca me esquecerei.

A data era 25 de novembro de 2007.

A cerimônia ocorreu no Teatro Arthur Azevedo.

Que festa bonita!

Nunca havia visto tamanha perfeição em um só lugar. Ali tudo parecia um paraíso.

Talvez eu achasse aquilo por causa de minha admiração por aquele lugar. Mas realmente estava incrível.

Meus pais estavam na primeira fila de cadeiras aguardando ansiosamente a entrega do diploma de medicina ao seu filho amado.

Digo seriamente para você, meu caro ouvinte e leitor, que eu estava tão feliz, que não poderia ficar melhor.

E foi o que aconteceu.

Após a colação de grau todos os formados tiveram uma grande surpresa. Diria até mesmo que fora uma emocionante surpresa: a apresentação de um cantor muito famoso que fazia sucesso por onde passava naquela época. O nome dele era Amado Batista.

Todos os presentes na ocasião eram muito fãs desse artista.

Após o termino do show ele deixou seus sinceros cumprimentos aos formandos e desejou muito sucesso a todos nós.

Antes disso, na hora que eu recebi meu diploma, todos ficaram de pé e me saudaram com uma salva de palmas.

Aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Eu disse algumas palavras quando gritavam meu nome. - Afinal, ainda não citei meu nome. Perdoem-me! Que falta de educação por minha parte.

Sou, desde aquela data, o doutor Carlos. E assim gritavam por mim.

Naquele momento vi perfeitamente nos olhos de meus pais a alegria e o orgulho que sentiam de mim.

Aquele momento fora arrepiante.

Foi dessa forma minha formatura.

Dias depois já estava trabalhando no Hospital Doutor Carlos Macieira, e é onde trabalho até os dias atuais. Completaram quinze anos no dia 28 de novembro de 2022. No decorrer desse tempo casei-me com Maria Antonieta, tivemos três lindas filhas, e comprei uma casa para minha mãe no centro da cidade. E é lá onde ela vive super bem com minha prima Rita. Já chamei para morar conosco, mas a senhora minha mãe é uma mulher teimosa.

Há oito anos meu pai faleceu, vítima de um infarto.

Além disso, também abri meu consultório, que é administrado por minha esposa.

Atualmente, me considero a pessoa mais feliz do mundo. Em verdade, eu tenho felicidade para dar, vender e emprestar.

E é por isso que sei muito bem como um adolescente do ensino médio se sente planejando cada sonho. O certo é que o estudo muda a vida das pessoas como mudou a minha.

Eu amo minha profissão e sempre falo aos jovens quando ministro palestras em escolas:

- Tenham sempre em mente a frase: "Nada além dos sonhos. Sonhar é possível".

Enfim, como é bom sonhar.