Férias. Um dia de sol. Um chalé em Gramado. O encanto das hortências. Uma bicicleta. Algumas pedaladas. A queda. A dor. O desespero. Uma volta na ambulância do SAMU. Um braço na tipoia.

Foi nesse cenário que, saindo do hospital, fui apresentada ao meu braço esquerdo. Desde então soube que meu braço direito sempre foi meu braço direito; e que meu braço esquerdo sempre viveu à sombra de seu parceiro, nada sabendo fazer. Soube que uma mão não lava a outra, e que as duas não lavam o rosto. [Aquele que inventou tal adágio nunca caiu de bicicleta quando criança. Nem depois dos sessenta].

Soube que sendo o braço direito, alguém ou algo de extrema importância para uma pessoa, não se deve jamais subestimar o valor do esquerdo. Soube que alguns amigos, até então braço direito, se acomodarão em uma tipoia quando se precisar deles; e que amigos, braço esquerdo, poderão nos surpreender. 

Soube que ficar de molho é, literalmente, ficar a mercê do tempo, e que o tempo é demasiado devagar quando seu papel é curar feridas. Soube que ele, o tempo, é uma coisa que não se deixa apressar, que ele caminha segundo o coração de Deus e que as quedas te fortalecem fazendo parte do crescimento.
 

     

 



 

Foto: arquivo pessoal.
Suzana França
Enviado por Suzana França em 21/02/2018
Reeditado em 21/02/2018
Código do texto: T6260137
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