VIRTUDE

Hoje refletiremos rapidamente e sinteticamente sobre a virtude, ou seja, o princípio do movimento e da ação. A ideia de virtude foi se delineando num longo processo histórico, que já tem um marco importante na própria filosofia grega, sobre tudo em Aristóteles.

Num sentido muito geral se costuma chamar virtude o principio do movimento ou da ação. É a mesma coisa que eterniza, potencializa e ativa ou capacita o agir ou o fazer algo. Mas num sentido mais restrito, a virtude passou a ser entendia como perfeição da própria potencia ativa, tanto se for uma perfeição que a potência tem por si mesma como quando se trata de uma perfeição acrescentada, a modo de hábito operacional.

De acordo com essa questão, há que reconhecer a existência de dois tipos de potências ativas. Umas rigorosamente ordenadas em função dos seus atos, de sorte que agem sempre da mesma maneira, produzem os mesmo efeitos e que são as potências naturais. Outras, não univocamente determinadas pelos seus atos e efeitos, que são as potências ativas propriamente humanas e racionais, como são o intelecto e a vontade. E os apetites sensitivos que necessitam de uma perfeição acrescida, um hábito operacional que as capacite a agir retamente em função da sua finalidade. A perfeição e o hábito que recebem com muito mais propriedade, o nome de virtude. Ao passo que, quando se situam na ordem apetitiva, temos as chamadas virtudes morais, que são as virtudes no seu sentido mais próprio, como a justiça, a fortaleza e a temperança. Aliás, a prudência, que é intelectual pelo seu sujeito, que enraíza no intelecto, é também virtude moral pelo seu objeto, visto que o seu campo próprio de aplicação são os assuntos morais.

Os valores no terreno moral, na maioria das vezes, apresentam-se como certos ideais concretos, que, tal quais outros pólos de atração, norteariam a conduta humana. Deseja-se com isso evitar que o sentimento do dever, que com frequência se manifesta como uma exigência pouco atraente, como uma cara austera e desencarnada, que deva governar sozinho a conduta moral. Embora às vezes os próprios valores se mostrem como metas difíceis, nem por isso deixam de ser atraentes. E secundar esses atrativos tem de ser por força mais estimulante e factível do que o estrito cumprimento de algumas normas simplesmente impostas.

Assim pode-se observar a vantagem que os valores apresentam hoje, sobretudo no campo da educação moral da juventude. O que não torna supérflua a outra categoria moral das virtudes. Porque as virtudes podem muito bem ser apresentadas como ideias atraentes. A solidariedade é obra da justiça, por exemplo. O amor e a paz também. E, ademais, as virtudes tem uma vantagem que os valores, por si sós, não possuem. Ou seja, a provisão de energia moral que as virtudes mesmas supõem. Acontece que, por mais atraentes que os valores se apresentam, a sua realização ou a sua incorporação na vida humana exigirá sempre um esforço, que faltam nas forças necessárias para isso.

Assim sendo, são precisamente as virtudes que nos proporcional essas forças, já que elas mesmas são forças acrescentadas ou energias supletivas que potencializam energias mais radicais. E em princípio mais fracas, que consistem nas suas próprias potencias operacionais de natureza racional.

É isso aí!

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 22/02/2018
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