A VIDA DOS MORTOS

A Vida dos Mortos

Ao conferir as mensagens recebidas através do aplicativo whatsAppe, uma, em especial, me chamou a atenção.

A referida mensagem de autoria desconhecida e intitulada “UM PRATO DE ARROZ”, trazia um diálogo entre dois homens que levavam respectivamente flores e arroz para as lápides de parentes. Em um dado momento o primeiro homem perguntava admirado ao segundo se o defunto dele viria comer o arroz, e, para sua surpresa, a resposta foi: “sim, geralmente na mesma hora em que o seu vem cheirar as flores”

Com esta abordagem o autor tenta promover o respeito às diferenças, concluindo com os dizeres: “Nunca julgue. Apenas compreenda!

Coerente o pensamento desse cara, principalmente pelo fato de o objeto em questão ser alguém que já não vive entre nós. Imagino essa mesma pessoa discorrendo sobre seres vivos em processo de desenvolvimento moral e intelectual.

Certamente levaria em conta seus sentimentos e sonhos. Pensaria com cautela antes de pedir que respeitassem seus anseios, quando estes fossem de encontro com preceitos necessários ao bem comum, (se é que tivesse coragem de manifestá-los) ou talvez falasse sobre a flexibilidade imprescindível à convivência familiar, profissional e/ou comunitária.

Seguramente nos faria perceber que o fato de alguém acreditar que os mortos precisam de um prato de arroz para saciar sua fome, ou regozijam-se com o cheiro das flores, não influenciaria na ressurreição, nem evitaria que permanecessem eternamente em seus respectivos túmulos. analisaria que para grande parte da humanidade, quando se morre, não se carece, não se sente, não se depende, pois seus sentidos sucumbiram junto com eles, ao passo que nos instigaria a refletir que, ao contrário dos mortos, o futuro de muita gente depende de nós, e que, a ausência de humildade e bom senso pode comprometer imensurável e irreversivelmente a vida de pessoas entregues ao nosso orgulho, birra ou insanidade.

Provavelmente sugeria com toda finura que integra seus argumentos, que aqueles que se sentem incapazes de rever, repensar ou redirecionar suas decisões, tomassem o rumo da inércia sepulcral para assim não sofrerem lesões provocadas pelo coletivo que busca o bem comum.

Ibimirim, 26 de fevereiro de 2018.