Num Domingo Qualquer.

Sentei no bar do Marley agora. Um kadett amarelo acaba de passar. Muita gente sentada bebendo e comendo. Desde a hora que cheguei não avistei nenhuma alma viva.

Peço uma cerveja e sento-me sozinho como sempre, graças a Deus. O garçom vem rebolando trazendo a cerveja, deposita-a sobre mesa e pergunta se quero algo mais. Disse-lhe que além da cerveja procuro uma alma viva e ele responde que não trabalham com víveres. Depois foi embora dizendo que ia chamar o gerente.

Do outro lado, na Praça, um grupo de jovens acompanha um rapaz tocando violão. O cheiro da erva se espalha rapidamente com o vento. A cerveja está morna.

Lembro de um tempo em que sentava em bares nos arrabaldes e ficava bebendo e escrevendo num caderno... Naquele tempo eu só pensava em ler, estudar, escrever, beber e, com o dinheiro que sobrava, comer uma ou duas putas por mês.

O cara do violão da Praça lá do outro lado se levanta abruptamente e vai embora abraçado com o violão e resmungando impropérios. A roda se dissipa.

Dentre os infindáveis seres vivos que pisaram o solo da Terra o homem é o que ela mais odiou.

Em todo bar tem a figura do "gritador", o sujeito animalizado que por nada grita, grita, grita. Uma vez quebrei três dentes de um desses. Foi só uma vez.

Torcedores de Santos e Corinthians começam a brigar no bar. Estão lá agarrados e quebrando as coisas. Mulheres gritam. Não sei se intervenho ou fico aqui. Da última vez foram dois demasiados para o pronto socorro. Melhor ficar aqui.

Viver nada mais é que passar uma temporada no parque dos sentimentos. É preciso passar pela experiência de todos os "brinquedos", frios ou quentes, com medo, sem medo, rindo, calado ou chorando. É a vida, filho!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 05/03/2018
Código do texto: T6271267
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