Guerra invisível

É Imprescindível analisar se a vitória da Guerra compensará todas as baixas e batalhas perdidas, “se os fins justificar os meios”, prossiga.

Os meus soldados são muito valiosos para mim, por isso há batalhas que recuo, talvez para procurar reforços, talvez para formular outra estratégia, em outro lugar. Não importa. Recuo.

A minha estratégia atualmente assemelha-se a guerra fria, acabo com meus inimigos sem tirar-lhes uma gota de sangue. São feridas invisíveis, mas que podem ser sentidas muito mais que a perda da própria vida. Perdas vívidas.

Cada ferimento causado em algum de meus inimigos arranca uma parte de mim, como se fôssemos vinculados. Nunca, num eminente conflito, nos mantemos em segurança plena - Sempre, os estilhaços das explosões nos afetam também. A degradação de si mesmo é muito mais dolorosa que qualquer amputação de membro a sangue frio. Os ferimentos da alma são incuráveis.

Por ora, contento-me em fingir ser bom, as pessoas estão acostumados com tudo quanto é mentira que lhes vendem, mais uma não será excessivo. Digo-lhes: “Não tenho problema em ser quem não sou, se é para ajudar-me na vitória. Tudo está valendo!”... Mas...

Mas esse contentamento não se mantém por muito tempo, a vida sempre se encarrega de mostra-nos o quanto somos inúteis, frívolos. Hora de mudar a estratégia maquiavelística. Tudo por motivo de força maior, bem maior que a nossa falha compreensão. Deveria começar a escrever sobre coisas “bonitas”, mas como conseguir quando a sua percepção de belo confunde-se com outras coisas consideradas “nem tão belas assim”? Se o belo é intrinsecamente perceptível por cada um, por que o meu não pode ser considerado belíssimo, ao menos por alguém?

Alguns estão tão arraigados em suas condutas e crenças, que nada do que lhes é dito parece coerente, repudiam quando dizemos que também se comete delito sendo omisso. Não entendem que a empatia humana por vezes é condicionada às boas ações. O ser humano só ama o que é bom, desprezando o que é mau. Não entendem que esse “mau” é questionável, é temporal, condicional. Ele desejaria ter nascido em outra época para poder ser amado como o “bom”. Ele é incompreendido porque é diferente.

Por ora, contento-me em ser considerado mau com nuances de bom, sim, ser comandante da própria vida me propicia essa liberdade!

Se estar bem consigo mesmo não basta, eu não sei o que te basta então!

Será que basto-me para mim mesma, ou preciso de outrem para completar-me?!

Será que continuar ponderando não me tira o sossego, ou continuar sem pensar seria demasiada alienação?!

Será que eu não consigo contentar-me em não questionar?

Será...?

Michelle Santos Nascimento