E VAI TUDO PARA O COMUM DE DOIS

Estou preocupado com o Aurélio. Ou melhor, com os editores do Aurélio. Vi hoje num desses telejornais (olhando um, você olha todos) que transgêneros, feministas e agregados vão às ruas numa manifestação que promete ser histórica. Garantem, à boca pequena, que vão mostrar aos lulistas e seus adversários o que é rodar a baiana. Não se avexam em dizer que irão de peito ao léu do vento com os dois pra lá, ora pra cá. Nada de se enrustir na multidão. Asseguram que a causa é justa e vão à larga mostrar suas reivindicações.

A palavra de ordem é contra o machismo. Mostrarão que a conquista do nome social não é para escandalizar a sociedade. Por que Nivaldo ou Abelardo se Lindaflor é mais sonoro e sensitivo? Têm lá suas razões, embora seja temerário chamar, na sala de espera,aquele barbudão, camisa aberta no peito: “por favor, senhor Lindaflor!” Mas, vá lá... O que fazer? Tá liberado? Cumpra-se!

Indiscutível, portanto, os avanços na área. E se o ataque é a melhor defesa, como pregam os comentaristas esportivos, antevejo que a parada vai até as portas do Aurélio. Aí, então, a gritaria será estridente e o reclamo uníssono: queremos todas as palavras como comum de dois!

Aí vai acabar essa história de ababelado, abacado, aberém, iamológico, vereador (e por que não vereadora?), presidente... Tudo masculino! Há, naturalmente, palavras femininas, mas são em mínima minoria (redundância é feminina!). Como se vê, a caminhada é longa e terá que percorrer milhares de verbetes do Aurélio (segundo o Google), que virou sinônimo de dicionário. Depois de cumprida essa etapa terão os defensores da igualdade de gêneros que acabar com aquela regrinha “no meio de dez mulheres havendo um único homem teremos que usar o eles e não elas”. E por aí vai a epopeia...

Mas não se preocupem com essas coisas. O que há de bom na vida traz em sua essência o feminino. Assim se vê a praia, a cerveja, a arte, a vida e, sobretudo, desculpem-me, os transgêneros, a mulher!

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