EM MANUTENÇÃO

A placa em letras garrafais informava que o lugar estava interditado para manutenção. Na mesma placa havia também o pedido de desculpas pelo transtorno causado e a explicação de que estavam em reforma para melhor atênde-los. Tempos depois a placa é retirada e no lugar dela aparece um novo e atualizado conceito ao objeto reformado. Mas nem todos que passam contemplam a mudança. Uns acreditam que nada melhorou, outros aplaudem a grande melhoria e tem até aqueles que dizem que ficou ainda pior.

A unanimidade das opiniões é algo impossível de acontecer ao meio dos diferentes. Não seria essa divergência a razão para que esqueçamos as manutenções e continuemos incólume e estático. Seria ela o impulso para que possamos prosseguir na renovação e evolução da condição humana que nos é inerente.

Desde que o mundo foi criado as transformações e mudanças não param de ocorrer. Muitas conquistas e avanços obtivemos nos permitindo o alcance de mais longevidade, conforto e praticidade, contudo, é preciso pensar e projetar nossas reformas para não retrocedermos.

Estar em manutenção é algo necessário para que possamos desvencilhar de coisas que não nos tem mais utilidades e dar espaço ao novo. O desapego ao velho, ao passado, ao fútil, ao egocêntrico, enfim, as tranqueiras que muitas vezes atravacam nosso caminho rumo as mudanças em prol de uma vida melhor.

É preciso de muitas placas de manutenção em nossa vida. É preciso reconhecer que o erro do passado pode ser transformado em virtude se fizermos nossa constante manutenção. É preciso renovar, melhorar, atualizar-se, evoluir e sentir-se útil. Os anos passam e se assim não procedermos estamos fadados a ferrugem, ao cupim, a traça ou qualquer outro elemento que antecipa nosso fim e nos impede de recomeçar e repensar no propósito de nossa vida.

Não tenha medo e nem vergonha de colocar a plaquinha “em manutenção” quantas vezes se fizerem necessárias, pois só assim, definitivamente estaremos aprendendo a viver rumo ao futuro cheio de boas e novas expectativas.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 15/04/2018
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