Taxista.

Tenho criticado alguns taxistas, pelo mau humor, pela antipatia, pela grosseria e pela má vontade.

Também reconheço que critico mais do que elogio, ao menos assim os meus elogios são verdadeiros.

Liguei para a central e chamei um táxi, ao chegar um rapaz novo com um sotaque lisboeta, a entrada pelo lado do passageiro estava virada para uma rua movimentada, logo percebi que era simpático porque me deixou entrar pelo lado do motorista, coisa que os outros bufam quando mencionamos fazer tal coisa, ao entrar me deu um bom dia sorridente, dentes brancos como marfim e de sua boca saia flores, hoje era um dia que eu não estava muito a fim de falar, mas a simpatia do rapaz taxista era tão devastadora quanto um tsunami a ponto de nos invadir como uma onda sanguinolenta.

Ao arrancarmos a avenida principal da cidade estava fechada devido uma corrida que estava decorrendo, ele teve de fazer um desvio. O taxista crítica de uma forma bem humorada que isto está muito errado uma cidade fechar num horário em pleno trânsito por causa de uma corrida, eu concordei com ele em género, número e grau... A caminho do meu destino passa um rapaz a correr e ele diz: “Olha para este gajo vestido de Lycra, em pleno domingo deixa a esposa em casa e vem correr, depois ela arranja outro e ele queixa-se” passa outro a correr e ele diz: “Olha este não tem cara de quem tem esposa esperando por ele em casa” e dava risadas, percebi que além de simpático era um debochado e eu adoro pessoas debochadas.

Contou-me que tinha um casal amigo que trabalhavam muito e só tinham o fim de semana para estarem juntos, mas nestes dias o marido deixava a esposa em casa e ia pescar, não lhe dava à atenção devida, um belo dia quando chega em casa a esposa estava com outro na cama, houve um escândalo onde ele desabafou com o amigo taxista dizendo que não merecia aquilo e ele respondeu: “Merecias sim!”

Me disse que foi ao Marrocos e eu lhe disse que já havia ido a este país apenas 11 vezes e que um dia pretendia morar em Marrakech uma temporada e ele disse que não se importaria nada também de morar lá e que até dividiria apartamento comigo e com outras pessoas e sempre a sorrir.

Disse que era de Lisboa, mas veio para Coimbra por ser uma cidade mais pacata e que estava farto de trânsito louco, sei que devido a esta natural simpatia com sorriso farto e debochado percebi que este será um novo conceito de taxista no futuro, pessoas jovens, alegres, sorridentes e simpáticas que contribuirá para que o passageiro tenha um dia melhor e não velhos rabugentos e intolerantes que carregam um fardo pesado nas costas.

#vsnocotidiano

Velto Silva
Enviado por Velto Silva em 15/04/2018
Reeditado em 15/04/2018
Código do texto: T6309247
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