CHUVA QUE DESPERTA SENTIDOS

Abri os olhos e senti a umidade do tempo que fazia lá fora, ainda são 05h:30m da manhã, hora de levantar para fazer a caminhada diária e limpar a mente para o dia que vai começar.

A questão é que não temos muita disposição em dias de chuva, sempre dá certa preguiça e até certo desânimo para sair de casa e isso se torna um desafio ainda maior quando o intuito é movimentar o corpo.

Porém, ao lembrar de uma matéria que li a respeito de autodisciplina e de como pequenas tarefas diárias podem nos ajudar a evitar a procrastinação e cumprir com as metas do dia, da semana e do mês, acabei por levantar e enfrentar o dia nublado.

Falo isso por que um dos meus maiores vícios atualmente é a procrastinação. E como ela é danosa, não é mesmo?! Nos pegamos perdendo um tempo valioso em que, apesar de deixarmos de fazer algo, não ficamos livres o suficiente, carregamos aquele peso na consciência e nos cobramos por deixar mais essa pendência. Vocês já perceberam a leveza e sensação boa que dá quando realizamos algo que estava pendente? Gera um bem estar tamanho, pelo menos para mim, incorrigível procrastinadora.

Então, baseando-se nessa teoria, coloquei a caminhada diária como forma de tarefa que não deve ser negligenciada, assim como outras atividades que pude colocar no meu dia a dia. E naquela manha úmida e incerta quanto à queda ou não da chuva, motivo este que seria uma perfeita desculpa para adiar essa tarefa, acabei sendo mais responsável e menos preguiçosa, fiz meu corpo levantar-se da cama confortável e acolhedora, vestir a roupa de caminhada, calçar o tênis azul de sempre e sair.

Os primeiro passos são sempre os mais pesados, depois vai ficando mais fácil e aí tudo vai ficando leve da cabeça às pontas dos pés. Que alegria!!! Além de movimentar meu corpo ainda consegui cumprir minha primeira tarefa do dia.

Naquele dia, já com o corpo leve e a mente ativa, percebi que o local por onde fazia a caminhada estava com um odor diferente, era como se tudo a volta tivesse despertado com o chuvisco que estava caindo. De fato, após uma chuva, mesmo que singela, tudo parece ganhar contornos mais definidos, as plantas, que eu costumava ver com certo desdém por estarem sempre lá assistindo fielmente o cumprimento de minha tarefa, tornaram-se um público exigente, ficaram garbosas, cheias de si com seu perfume e presença. Hum, e o cheirinho da terra molhada, dava para sentir o potencial de vida que havia ali, as raízes das plantas se espalhando pela terra, ocupando o espaço a elas destinado, desbravando novos caminhos para crescer cada vez mais, mas sem deixar de ficar fincada onde tudo começou, seu passado, sua história.

Sábia natureza que tudo conhece e aproveita, sabe se colocar, reconhece sua finitude e pequeneza diante do Todo e por isso se torna tão grande e imponente. E até um evento natural que é a chuva, ao qual nos adaptamos com certo desconforto, torna-se tão essencial para a vida, inclusive para a nossa vida. E isso comprovado com uma mera caminhada na chuva, na qual pude perceber que a chuva, além de manter a vida e fazer florescer tudo a sua volta, também floresce nossos sentidos, nossa capacidade de se colocar no Todo, mesmo que seja como singelo espectador.

Daniela Alarcon Vargas
Enviado por Daniela Alarcon Vargas em 19/04/2018
Código do texto: T6313098
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