SOMOS TODOS INSIGNIFICANTES

Alguns anos atrás fui a Paris. Entre os tantos lugares para se visitar por lá , tive a oportunidade de conhecer de perto a Torre Eiffel e de subir nela. Até então não sabia mas existe um elevador gigante para subir até o ponto mais alto da torre. Engraçado, mas quanto mais eu subia menor ficavam as pessoas lá no chão lá de cima, coisa óbvia.

Claro que eu poderia ter citado como exemplo lugares mais próximos como nosso querido Morro da Glória, quem sabe o Morro da Antena ou até mesmo a cumeeira do meu telhado, das vezes que eu subo até lá para destrancar a boia da caixa d'água quando emperra.

Convenhamos, caro leitor, não teria o mesmo glamour. Contar a vocês que tirei conclusões filosóficas profundas vendo as pessoas minúsculas dos altos da Torre Eiffel é muito mais faustoso. Não poderia deixar de usá-la para o relato da minha simplória narrativa.

Bom, deixando de lado as questões geográficas voltemos ao que interessa.

A cada metro que eu subia a multidão de homens, mulheres, crianças, brancos, negros, amarelos, ricos, pobres, homossexuais, transgênicos e toda a sorte de indivíduos homogeneizavam-se em um composto de minúsculos pontos cinzas andando sem lógica para todos os lados.

Fixando meu olhar estrangeiro no horizonte, meus olhos repousaram interrogativos sobre a Champs-Élysées chocando-se com a poesia de um Arco do Triunfo a minha frente (que chique!!!).

Olhando para baixo novamente vendo todas aquelas pessoas miúdas aos meus pés. Questionei-me do porquê de parecermos pequeninos, insignificantes. Olhei para a direito, fixei meu olhar na bela arquitetura do Louvre (maza!!!) e concluindo, conclui:

- Simplesmente porque somos todos pequeninos e insignificantes. Simples assim.

Embora possamos ter todas as diferenças uns do outros, e dessemelhanças ao infinito, afinal somos mais de 7 bilhões de habitantes. Numa coisas somos parecidos. Nossa insignificância nos nivela.

Toda nossa grandeza ou aquilo que pensamos ser é sempre relativo às pessoas que convivem conosco. Somos indivíduos insignificantes comparando-se a outros também insignificantes. Da nossa rua, do trabalho, de nossa escola, aqueles que convivem mais próximos a nós. A todos medimos e por todos somos medidos.

Não somos o melhor metro para medirmos os outros.

O que faz a diferença é a consciência da nossa insignificância é saber que nada somos enquanto não quisermos ser alguma coisa. O essencial nos é invisível aos olhos já dizia o , vejam vocês , francês , Antoine de Saint-Exupéry.

Engraçado como as pessoas não percebem que todos somos iguais e o fim que todos teremos é o mesmo, não importando a cor, a condição social e financeira, a nacionalidade, crença, opção sexual, todos iremos para a mesma cova. Obviamente uns irão para uma cova em Paris, no Montmartre ou quem sabe no Père Lachaise, enquanto outros para uma cova próximo ao Morro da Glória , mas o final será sempre o mesmo.

O que sei é que na volta da viagem, chegando em casa, deparo-me com a boia da caixa d água emperrado mais uma vez. Resultado? Faltou água e entupiu a caixa de gordura da cozinha.

No dia anterior eu divagava sobre a insustentável leveza do ser e a insignificância do homem, agora estava eu com os braços metidos até os cotovelos numa caixa de, vocês sabem o que, desentupindo uma fossa e rindo de mim mesmo

Somos mesmo insignificantes.