VOCÊ É FASCISTA?

Você é fascista? Quem é fascista? Hoje em país de reduzidas letras e informação convulsionada, zerada, pela “wilkpodetudo” que é padrão de informação, uma pessoa, qualquer um, pode levar esse palavrão (parece um bom palavrão não?) “pelas ventas”.

Ahh ,ele gosta daquele sorvete que não gosto, é fascista.

Soa bem para assacar contra alguém, ou para algo que se faz, ou em termos de pensar, ou ser em conduta. É gravoso, fonético, redondo, quase onomatopaico, mas está quase sempre na dicção contraditória, porque é contraditório, paradoxal e desinformado seu uso, por caber em tudo, panaceia para todos os males, e assim caminhante “pela rama” cultural das vontades pejorativas.

Resulta dessas combinações reduzidas um acervo de história nulo.

Fascismo é com toda a certeza conceitualmente, um dos mais iterados vocábulos pouco entendido da história política enciclopédica assim deitada em dicionários políticos.Passou a servir para qualquer coisa.

Segundo o "Dictionnaire historique des fascismes et du nazisme" ,citado em vários excertos, “não existe nenhuma definição universalmente aceita do fenômeno fascista, nenhum consenso, por menor que seja, quando à sua abrangência, às suas origens ideológicas ou às modalidades de ação que o caracterizam”.

É assim reconhecido no mundo, a ser aceito como fenômeno, se assim podemos tratá-lo,com o que não me alinho. Afirmam muitos que o “fascismo permanece sendo, provavelmente, o mais vago dos termos políticos mais importantes”. Nada que traga novidade.

George Orwell, em 1946, lançava o fascismo em um labirinto conceitual como uma palavra “quase inteiramente sem sentido” e que qualquer inglês aceitaria um bravateiro como sinônimo dela.

Ainda que impreciso em direcionamento, sem sustentação ideológica em suma, concorrem facetas que envolvem originariamente o fascismo,ignorados pelos que mais utilizam o vocábulo.

É antiliberal o fascismo, sua maior colisão se dá com o liberalismo. Era o posicionamento de Mussolini, o destacado líder totalitário italiano, que morreu de cabeça para baixo pendurado em uma trave, junto com a amante preferida, sendo cuspido na cara pelos italianos em fila.

“O fascismo é definitivamente e absolutamente oposto às doutrinas do liberalismo, tanto na esfera econômica quanto na política.”, dizia o indigitado déspota, um patológico.

Achava ser o liberalismo um credo desconhecido.

“Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado.”

Cabem muitos nesse paradigma, todos os regimes de exceção.

O liberalismo tem o mérito de ser o sistema execrado por Hitler.

Depois de setenta anos fica ridículo liberais serem acusados de fascistas. É o inverso. Fascismo se torna religião de Estado. É a vontade de um projeto que o Estado controla a responsabilidade de toda a vida humana em prejuízo do individualismo.

Isso tudo está em Getúlio, Hitler ou Mussolini, nos Castros e em seu último filhote parido ontem,depois de meio século de gestação. Mas também está em em Chávez, Perón e Maduro. E em seus prosélitos nestas nossas terras. Temos visto cabeças pequenas sinalizando tais princípios e afastados pela maioria. Virou modismo para os "míopes", dá um ar intelectual verberar em tom, mesmo que dissonante de embrião, a tolice mal usada.

Diferenças entre fascistas e populistas de esquerda, certamente, ficam claras, porém, há mais coisas que os aproxima do que os afasta.

Poucos regimes foram tão revolucionários na defesa dos direitos trabalhistas quanto o fascismo. E na Itália, realmente, por algum tempo, melhorou o emprego. Não por acaso, a nossa própria legislação na área, criada no auge do Estado Novo, por Getúlio Vargas, tem como base um documento italiano do final da década de vinte, a Carta del Lavoro, onde o Partido Nacional Fascista definiu os fundamentos das relações de trabalho. Todas as regras permanecem organizando a vida econômica do país em corporações, com sindicatos patronais e trabalhadores tutelados pelo Estado, como são defendidas em grande parte por militantes de esquerda.

E a CLT não foi o único documento a seguir esse princípio. A Constituição Federal de 1937,altamente socialista e inspirada em Weimar, Alemanha, tem no artigo 138 uma tradução idêntica à declaração III da "Carta del Lavoro". E o que ela prevê? A unicidade sindical sob tutela do Estado, as contribuições compulsórias e os contratos coletivos de trabalho. Estão reiteradas na Constituição de 1988.

Foi dessa maneira que o fascismo mudou a cara do trabalhismo no último século – abraçando o sindicalismo revolucionário e dando ao Estado o papel de tutor das relações laborais, fiscalizando patrões, empregados e determinado cada aspecto da vida do trabalho. Quer dizer, nunca houve no fascismo italiano vontade de extinguir completamente a propriedade privada, como queria o despreparo soviético. Os fascistas ousavam dominá-la através de corporações vinculadas ao Estado. Em 1935, os sindicatos fascistas tinham mais de 4 milhões de filiados. Nada parecido havia sido testemunhado proporcionalmente em nenhum outro canto do mundo até então. A Itália era a grande mãe sindicalista. Seu berço.

Minha ascendência sentiu seus impactos.

Por aqui foi fundamento do trabalhismo, copiado do fascismo italiano. Não apenas no que diz respeito à perpetuação do sindicalismo, 15 mil sindicatos no Brasil, como no fato dessas corporações serem tão próximas ao Estado,pois de abril de 2008 a abril de 2015, o governo federal repassou mais de R$ 1 bilhão para as centrais sindicais, seus dirigentes enriquecidos, baronatos. Verdadeiros impérios,manejando verbas incalculáveis.

Mas em contrapartida, sindicalistas acusam seus opositores de fascistas. Nada mais contraditório.

Esses grupos construíram suas sustentações com aumento do gasto público, cavalgando políticas econômicas para atender as massas, em amplo populismo, fortes na ideia que o livre mercado é um mal a ser combatido.

E aí,você é fascista, ou em que quadro dessa algaravia, salada do desconhecimento, você se situa?

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/04/2018
Reeditado em 20/04/2018
Código do texto: T6313917
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