*BRASIL QUE TE QUERO VERDE


É assim o nordeste quando a chuva se esconde nas nuvens e viaja para outras paragens. A seca chora a ingratidão da natureza mãe. A terra ressequida, rachada parecendo pele de agricultor jovem com traços de ancião, desidratado, enrugado, entes que o correr dos anos, o torne degenerado e inútil, sem o brilho natural da juventude.

O inverno faltou, a chuva derrama suas grossas lágrimas noutras paragens destrói moradias, plantações, carrega nas enxurradas corpos indefesos. Na falta ou excesso deste precioso líquido a infelicidade mora em cada cena.
Dois contrastes que observamos em dualidade anual em tempos contínuos: ou as águas se alastram em extensos espaços, ou as nuvens somem pelo vazio das condições climáticas. A mão humana, a mesma que constrói, cultiva a semente, destrói o berço, sem lembrar-se do próximo rebento, outra árvore.

Abri a TV, o fogo esplêndido num colorido de beleza radiante, devorava as árvores numa união compartilhada estendia o braço para outra árvore e devorava com a língua vermelha toda a vegetação próxima. É um espetáculo desolador. A fumaça, através da imagem sufocou meu pensamento, embotou meu raciocínio, encheu meus pulmões de gazes, quase sufoquei, faltou o ar. Selva e solo abraçados num torpor de desespero:
- Que horror, amigo, quem fez tal ato, indagou a árvore com queimaduras de terceiro grau.

– Ah, amiga, ponta de cigarros, lavradores limpando o solo, estiagem. Pensa que só vocês sofrem tanto desgaste e desamor da humanidade? Nós, as aves, somos esmagadas pelo fogo das armas. A inquietude nos acompanha da mesma maneira que o homem justo se aprisiona nas suas casas com muros altos, técnicas e eletrônicas avançadas e não resolve. Outro ser da mesma espécie, inteligente, descobre com facilidade as armaduras.
- Brasil que me quero verde. A dor que queima a epiderme e derme, isto é, solo e crosta, comenta a terra, é a mesma que devora meu corpo inteiro, destruindo meu útero sem forças para replantio.

Além do oxigênio que dispomos para a vida do homem, argumentou a árvore, do gás carbônico que recebemos saído dos pulmões humanos. Sem falar da dependência total da madeira, teto, móveis, remédios, sombra, beleza. Somos mãe que tudo dá ao filho amado.

Ah! A beleza que inspiramos aos poetas, então, replicou a árvore, a mão hábil do pintor, quando a tela parece viva, o encanto me cobre de tanto contentamento que me sinto a musa dos pincéis, a arte da perfeição universal.

É missão deste planeta, nossa terra, estender um tapete até onde a vista alcançar e clamar: Quero ser amado com o coração de mãe que gera, cuida alimenta e espera o fruto dos cuidados maternos. Beleza e juventude é meu lema para multiplicação das espécies.
Brasil que te quero Verde!?!?



Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 22/04/2018
Reeditado em 22/04/2018
Código do texto: T6315760
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