Entres os seres da floresta

A lua fornicava com as palavras da noite. Sempre que vinha o clarão do luar, reverberava um grito de gozo dentro da poesia. Eu nasci sofrendo do verso, um passarinho cantou que era incurável, achei que lingua de passarinho não merecia confiança e passei a bater com a taramela, acho que muitas vezes dormi sem entrar no sono. Ficava confabulando com lapis e tintas até inventar umas coisas, que nunca entendi porque é tão dificil encontrar diamantes em goiabas vermelhas.Um tal de Escaravelho que estava sempre metido no meio da merda parou-me certo dia,

— Ei, você por acaso já ouviu falar na Tapu que te uripa!

— Não nunca, senhor Rola-bosta! – Falei apertando o nariz com as pontas do indicador e polegar.

— Você me respeite, não te fiz uma pergunta para receber uma ofensa!

Deixei o Escaravelho se ferroando de raiva e fui para casa assoviando uma canção que uma borboleta me ensinara, era uma linda poesia, os arranjos dos solos dos meus beiços era algo quase divino, as janelas da minha casa estavam abertas e raios de sol furavam as copas das árvores, tinha raios de todos os tamanhos e cores, um daqueles atrevidos estava sobre uma pedra branca com um brilho lilás, dois Grilos Verdes avermelhados pulavam em volta, quis saber se era algum tipo de ritual que festejam, mas estavam muito entretidos para me dar ouvidos, minha mãe havia confeccionado uma porta de flores para o meu quarto, morar em árvore é bom, mas da vontade de não fazer mais nada, principalmente quando o ranger da porta vem com uma infinidade de aromas que podemos escolher por horas, meu irmão tinha mania de chegar voando na hora do almoço, o cheiro da sopa de Folhas do Bengo com frutas do Carpo é sempre irrestivel.

— Por acaso estiveres com o Senhor Escaravelho? – Indagou meu pai.

— Sim, o vi há pouco! Por quê?

— Ele está com o delegado Cassote, disse que te espera para você retirar algo que dissera, ou ele fará o B.O!

Rimos bastante, imaginando a cara fedida do Escaravelho querendo retratação.

— Pai, por acaso o senhor já ouviu falar na Tapu que te Uripa!

Pof! O tapa que levei na orelha por pouco não me lança de cima da árvore!Eu apenas reproduzi o que o Rola-Bosta me falou...Com certeza não deve ser boa coisa.

— Ai Paim quase arranca minha orelha!

— Se repetir vai ficar é sem dentes!