Leituras nos Anos Dourados

Hoje de manhã recebi a visita de um casal de amigos do sertão, amigos de toda uma vida, mas por força das circunstâncias estamos morando hoje em lugares diferentes. Eles que moraram muito tempo na capital voltaram para o interior; eu que morava no interior vim para a capital. Mas esse distância, 300 kms, é "bronca safada", jamais interfereria nos nossos laços de amizade, sempre nos falamos spelo telefone e de dois em dois meses eles vêm ao Recife, dar uma geral nos filhos (já adultos e independentes mas teima em nonitorar) e aproveitam para me visitar. Hoje assim que chegaram ele me disse: - Viemos tirar os penicos! Uma expressão que sempre usamos no sertão quando se chega cedo nas casas nos outros.

Iam almoçar co os filhos, mas para "matar o tempo" ficamos conversando miolo de pote, o assunto recaiu, claro, nas reminiscências dos Anos Dourados. O cara é bom no assunto, mas a mulher tem uma memória muito superior a dele, e a vantagem de que sempre gostou mais de ler. Eu acho que, salvo livros técnicos e científicos, ela leu tudo. E o que lê ela não esquece. Hoje falamos durante horas sobre as leituras dos Abos Dourados. Ela recordou tudo.

Começou pelos jornais,revistas e gibis. Cirou as revistas "O Cruzeiro", "Manchete", "Visão", "Fatos e Fotos", "Cigarra", "Revista do Rádio", "Manchetes Esportiva" e até uma revistinha miudinha e muito reacionária chamada "Seleções". Nomeou os gibis: "Guri", "Gibi Mensal", "Globo Juvenil", "Super X" "Família Marvel", "Capitção América"... Falou nos fásciculos da novela "O Direito de Nascer", das revistas de fotonovelas "Grande Hotel" e "Capricho"; afirmou que os livros mais lidos eram os de M. Delly, da coleção azul, das moças, dos romances de orge Amado, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, que as moças liam "O Pequeno Príncipe" de Exupéry, e que os marmajos liam escondido os livros de Cassandras Rios e delaide Carraro, além do romance "A Carne", de Júio Ribeiro, brincou com o marido, mas se referindo também a mim, dizendo "esse aí criou calo nas mãos pensando na Lenita do romance". E afirmou rindo que os livros da Coleção "O Tesouro da Juventude", só serviam para enfeitar as estantes, ninguém lia.

Falou ainda um bocado, lembrando personagens e cenas dos livros, até que o marido olhou para o relógio e disse, "bora, neguinha, fecha essa matraca de leitura senã a a gente chega atrasado para o almoço. Se despediram e pisaram no barro.

Fui dar uma arrumada nos meus "piquaios" e aí o celular tocou, era amiga, ela disse: - Pois anãoa é que me esqueci de que vocês eram doidos por uns livrinhos pequeninhos, de bolso, uma série "Giselle, a espiã nua que abalou Paris", vocês viviam doidos pela espiã,´ensando que ela tinha mesmo existido, aí descobriram que era tudo invnção de David Nasser que nunca tinha estado em Paris. Ficaram com cara de babacas". Desligou.

Adoro bater papo com esses amigos, conversar cisas do tempo do ronca, coisas que o pessoal de hoje detesta. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/04/2018
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