Diário de Madalena Proust
Sinto dificuldades em ouvir bem. Desde criança. E por isto não me peça para cantar, sou a desafinação em pessoa.
Quando criança, no pré-primário, a professora, e não Tia e sim Dona – assim era chamada – pediu que levássemos cascas de coco para começar iniciação musical. Que desarranjo que eu era. A turma batia as cascas para lá e eu batia as cascas para cá.
Depois, vieram os desfiles de 7 de Setembro em que tínhamos que marchar à moda nazista como se iniciara no Estado Novo de Getúlio Vargas. O bumba batia bum! e o tarol, tataratá, e a mão do (des)educador físico estalava em minha perna direita ao som de seus gritos neuróticos: “Aprenda a marchar, pereba!”. O problema não eram as pernas. Eram os ouvidos.
Por volta dos dezessete anos, por ter a voz grave, fui convidado para participar de um Coral. Só via os olhares dos componentes aborrecidos com minha desafinação. Eu saí antes de ser desconvidado. O problema eram os meus ouvidos.
Comecei a lecionar. E como professor eu tinha que estar atento aos 30 a 40 alunos da turma. Com isto apurei a audição. Os meus ouvidos tornaram-se antenas parabólicas capazes de captar qualquer ruído em sala. Tornei-me capaz de ouvir qualquer cochicho!
Saio à rua e sinto até minhas orelhas se moverem como as de um cachorro que dançam as suas para melhor ouvir. Em casa eu sou uma indelicadeza: não quero ouvir conversa e nem intimidades de quem nela está ou de vizinhos, mas meus ouvidos... Captam tudo! Mas, mesmo assim, eu continuo desafinado.
Já o meu olfato é uma pureza. A cada odor é uma memória com suas saudades e reminiscências. Vem junto com a vontade de a tudo escrever para deixar registrado. Sinto-me assim um verdadeiro Diário de Madalena Proust.
Sinto dificuldades em ouvir bem. Desde criança. E por isto não me peça para cantar, sou a desafinação em pessoa.
Quando criança, no pré-primário, a professora, e não Tia e sim Dona – assim era chamada – pediu que levássemos cascas de coco para começar iniciação musical. Que desarranjo que eu era. A turma batia as cascas para lá e eu batia as cascas para cá.
Depois, vieram os desfiles de 7 de Setembro em que tínhamos que marchar à moda nazista como se iniciara no Estado Novo de Getúlio Vargas. O bumba batia bum! e o tarol, tataratá, e a mão do (des)educador físico estalava em minha perna direita ao som de seus gritos neuróticos: “Aprenda a marchar, pereba!”. O problema não eram as pernas. Eram os ouvidos.
Por volta dos dezessete anos, por ter a voz grave, fui convidado para participar de um Coral. Só via os olhares dos componentes aborrecidos com minha desafinação. Eu saí antes de ser desconvidado. O problema eram os meus ouvidos.
Comecei a lecionar. E como professor eu tinha que estar atento aos 30 a 40 alunos da turma. Com isto apurei a audição. Os meus ouvidos tornaram-se antenas parabólicas capazes de captar qualquer ruído em sala. Tornei-me capaz de ouvir qualquer cochicho!
Saio à rua e sinto até minhas orelhas se moverem como as de um cachorro que dançam as suas para melhor ouvir. Em casa eu sou uma indelicadeza: não quero ouvir conversa e nem intimidades de quem nela está ou de vizinhos, mas meus ouvidos... Captam tudo! Mas, mesmo assim, eu continuo desafinado.
Já o meu olfato é uma pureza. A cada odor é uma memória com suas saudades e reminiscências. Vem junto com a vontade de a tudo escrever para deixar registrado. Sinto-me assim um verdadeiro Diário de Madalena Proust.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 02/05/2018
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L.L..
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