Síndrome do Pânico

Depois de duas chacinas ocorridas, aqui em Fortaleza, tive Síndrome do Pânico. Terrível sintoma que me fez ficar abatida, triste, com medo de tudo e de todos, até da minha sombra. A melhor sensação que sentia era a de chegar em casa depois do trabalho e para mim, o lugar mais seguro da cidade era o meu quarto, quando entrava, fechava a porta, a janela e cerrava as cortinas. Uma sensação nada agradável a quem gosta de liberdade, sair, passear, praia, teatro, cinema, dança. Nada disso tinha coragem de enfrentar. Até a escrita que me dá prazer, deixei de lado, não mais me interessando por quase nada. No mês de abril, faço aniversário, entrei de férias e precisava fazer algo por mim. Sempre faço algo pelas pessoas, ajudo amigos, familiares e nada estava fazendo para reverter essa situação. Mas de repente, resolvi me presentear. E assim foi... Entrei na internet e sem pensar muito, (porque se pensar muito não faz), passagem comprada para São Paulo, hotel, avião. Aqui em casa afirmaram categoricamente que eu não iria. Dentro de alguns dias, estaria cancelando tudo. Pode isso Arnaldo? E assim enfrentei de repente três grandes desafios: o avião que sempre me causou e causa medo, a cidade grande, o desconhecido. Escolhi São Paulo, porque sempre tive admiração por essa cidade. Quando criança, presenciei muitos compadres e comadres de meus pais, lá em casa se despedindo, em tempo de seca, nos anos 70, indo embora para São Paulo. Assim fiquei pensando como seria essa metrópole que abrigou tantos nordestinos que se deram bem e por lá ficaram. Acho lindo o sotaque! Senti-me acolhida já no aeroporto, peguei táxi, puxei conversa e percebi o sotaque paulista do motorista que disse ser natural dali mesmo de Guarulhos. No hotel, me senti poderosa, independente, voltou àquela sensação gostosa de liberdade! Andei de trem, metrô, 25 de março, Avenida Paulista, Museu de Arte de São Paulo e, no Shopping Center Norte, em Santana, conheci uma moça (Nilva), trocamos algumas palavras, almoçamos juntas e ficamos amigas. Eu tenho facilidade em me comunicar e gosto de conhecer pessoas. Como estudei um pouco de psicologia, digo que ao conversar dez minutos com alguém já traço um Raio-X de sua personalidade, conseguindo captar se a pessoa é interesseira, trambiqueira, mentirosa, e assim cair fora, ou do bem, continuando a conversa, criando e fortalecendo laços de amizade. Nunca me enganei! Tive uma experiência maravilhosa! Precisava fazer isso! Regressei e bati palmas para mim, agradecendo a Deus por tudo ter saído tão bem. Às vezes precisamos ousar, sair da nossa zona de conforto. Quando eu tinha certeza de que não teria coragem, pela situação em que me encontrava, fiz da fraqueza e do medo, força e enfrentei, sendo tudo de bom essa viagem! Até o medo de avião foi pros ares, pois aprendi a mexer na tela em frente à cadeira e usufruir de jogos, músicas, filmes e outros, o que fez o tempo passar rápido, nem senti...notícia ótima para minha amiga Norma que me convida para viagens longas e eu sempre dando a desculpa do medo de avião! Posso até dizer que foi uma das melhores que já realizei pois não tinha ninguém interferindo, era eu comigo mesma!

Cláudia Coêlho
Enviado por Cláudia Coêlho em 02/05/2018
Reeditado em 10/06/2018
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