E no sétimo dia Deus descansou.

Manhã de sábado. Olhos entreabertos. Não sei dizer bem se estou dormindo ou acordada. Teimo em tentar descobrir que horas são sem olhar o relógio. Aposto em oito horas. Erro. São seis e trinta e cinco, em ponto. O sol forte de Sobral entrando pela janela me enganou. Volto a dormir. O sonho que me perseguiu por toda a noite retorna: cobras me perseguindo . Maldição! Odeio cobras. Devo apostar na loteria? Deve ser um sinal. O barulho da construção em frente a minha janela me acorda. Olho o relógio. Oito e dez. Levanto. Bebo água. Volto para a cama levando o que sobrou da água. Deixo o copo próximo a cama, temendo intimamente tropeçar e molhar o quarto. Sou desastrada de nascença. Dormirei até às dez hoje, é sábado,penso, livrando-me da culpa por não estar de pé cumprindo os afazeres. Droga! O café acabou, lembro. Então posso dormir até dez e meia e já começar o almoço. Volto a dormir. Cobras me perseguem em sonho, mais uma vez. Definitivamente devo apostar na loteria dos sonhos hoje. Acordo. Dessa vez a cobra quase conseguiu me pegar. Pego o celular. Abro o instagram que, coincidentemente, me mostra um vídeo de cobra. Deve ser piada do destino , não tem explicação. Levanto. Reclamo em pensamento a falta de café e de dinheiro para comprar. Se pelo menos eu acertasse na loteria, reclamo. O creme dental acabou. Droga de pobreza! Começo a lavar roupa. A campainha toca. Olho pela janela: minha namorada. Abro a porta intrigada. (Ela só acorda às treze horas no sábado). Estava tendo promoção de café e creme dental no Lagoa. Ela comprou a mais. Trouxe para mim. No final das contas as malditas cobras significavam sorte.