O saudoso pastel do Assis

Há pouco tempo, uns dois ou três anos atrás, eu morava numa cidade do sul de Minas onde todos os bares fechavam cedo, inclusive nos fins de semana. Era como morar no interior da semente de uma castanha. Mas lá tinha uma pastelaria, a pastelaria do meu amigo Assis, um agente funerário aposentado que gostava de beber cerveja e conversar sobre literatura e filosofia, e esse cara tinha uma mão pra pastel que me deixou super mal acostumado. Nunca mais achei um pastel que chegasse próximo da excelência dos pastéis do Assis. Os de frango com catupiry, divinos; os de pizza, melhores que pizza; os de carne com azeitona, puta merda, era como fazer uma refeição na praça de alimentação do paraíso. Eu bem que procurei: pastel de feira, pastel de beira de praia, pastel de pastelaria chinesa. Mas não tem igual. Às vezes sonho que estou no balcão da pastelaria do Assis, e ele me olha com aquele sorriso de dentes espaçados, tão sincero, tão puro, e pergunta: "Quantos, Fred? Um ou dois?" E acordo tristonho, pensando se não devia pedir logo três.

Damnus Vobiscum
Enviado por Damnus Vobiscum em 11/05/2018
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