Notas de um Cansado.

Confesso que nos últimos tempos tenho sido meio feliz e isso tem me deixado obviamente em paz comigo mesmo e ao mesmo tempo preocupado. Preocupado também normalmente com a consciência de que a vida num todo é uma alternância entre alegrias e tristezas, chegadas e despedidas, é esse fato matemático, filosófico, transcendental, espiritual ou o caralho a quatro, que ninguém tem certeza de nada, é a pulga atrás da orelha da humanidade.

Depois de trabalhar pesado durante três longos meses, cujos dias e noites se quadruplicavam, porém cônscio de cada palavra, cada argumento, cada fração de segundo de respiração, consegui dormir um sono dos justos logo depois do almoço de uma sexta feira tórrida de outono no Brasil.

Nunca quis ser o bonitão da bala chita e nem aquele que chama a atenção. Sou o do canto, o do uivo, o da margem. Minha residência fica no Underground, Rota dos Outsiders, 66, Long Island, ou seja, um local o qual nem sei onde fica, mas está aqui na varanda da minha imaginação. Sei que escrevo textos por vezes confusos e subjetivos, mas os escrevo basicamente para mim mesmo. Gosto do que escrevo e sou meu principal leitor. Muitas vezes me pego relendo um texto que escrevi há alguns anos e caio na gargalhada pensando como fui escrever aquela porcaria aquele dia. O dia em si volta vivo em lembranças. Por isso sempre digo que a escrita, e não só a escrita, como outras formas de expressão artística, estão aí para unificar os tempos, compor a história, transmitir conhecimento e relembrar detalhes de tempos idos. A escrita é algo que todo ser humano alfabetizado deveria fazer uso como complemente de sua vida, algo como uma parte de sua essência, um dedo, por exemplo.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 11/05/2018
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