Prédio desaba em São Paulo

Na Avenida Rio Branco 10 e Rua Antônio Godoy 23,27 e 33, Santa Efigênia, centro, na região histórica do Largo do Paissandu, São Paulo, se localizava o edifício Wilton Paes de Leme, o imponente prédio com fachada toda de vidro, de 24 andares, com 660 metros quadrados de área, e 11.083 metros de área construída, que foi construído entre 1961 e 1968 para fins comerciais. Era um prédio histórico, que fora tombado em 1992, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP).

Tratava-se de um imóvel privado, mas que devido a tantas dívidas foi tomado pelo Estado de São Paulo. Entre 1980 e 2002 foi sede da Polícia Federal. Em 17 de setembro de 2002 passou a pertencer a União. Em 2007 funcionou na área térrea um posto de atendimento do INSS. Conforme o Ministério do Planejamento da União, o prédio foi cedido provisoriamente à Prefeitura em 2017 devido estar invadido por moradores sem teto. A Prefeitura de São Paulo informou que foram cadastradas 248 pessoas de 92 famílias no local. Atualmente era ocupado por 142 famílias e 372 moradores. Só os 11 primeiros andares eram ocupados, devido a falta de elevadores e instalações precárias.

Na madrugada de terça-feira, 1º de maio de 2018, um incêndio no 5º andar causado por um curto-circuito numa tomada se espalhou rapidamente por outros andares causando alvoroço entre os moradores. Houve muito corre-corre, gritaria e desocupação às pressas. O Corpo de Bombeiros e ambulâncias de paramédicos foram acionados. Um morador que havia retornado para salvar pessoas ficou cercado pelo fogo e prestes a ser resgatado por uma equipe do Corpo de Bombeiros caiu junto com prédio do 8º andar; o seu corpo foi encontrado e identificado por peritos da Polícia Técnico-Científica. Passados 12 dias da tragédia foram encontrados 04 corpos. Conforme os Bombeiros restam 04 desaparecidos.

Os motivos do fogo se espalhar rapidamente assim como o desabamento do prédio são vários, pois conforme especialistas havia muita fiação elétrica clandestina exposta, muita madeira compensada, muito papel, papelão e lixo por todo o local inclusive no fosso do elevador que não era utilizado; não haviam extintores de incêndio e muitas infiltrações de água que devem ter afetado a base do prédio. Conforme os Bombeiros, a grande quantidade de lixo no fosso do elevador dificultou apagar o incêndio e aqueceu as ferragens de sustentação que não resistiram o peso do prédio.

Pelo visto o Ministério Público de São Paulo deveria ter interditado esse prédio há tempo por se tratar de um patrimônio público, por não ser o mesmo destinado a residências, e também pelas instalações precárias e até por falta de segurança aos moradores. Faltou ainda fiscalização de outros órgãos competentes, ou que fizeram vistas grossas. A reintegração de posse do imóvel para o Estado não foi impetrada, ou foi omissa. Ninguém quer assumir a culpa. Um processo penal vai ser instaurado. Por outro lado, as famílias cadastradas deveriam ser transferidas para locais adequados e condizentes. Mais uma vez o Poder Público foi omisso, e o triste resultado não poderia ser outro. Enfim, mais uma tragédia anunciada, que poderia ser evitada.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 12/05/2018
Reeditado em 17/05/2018
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