Silêncio e Solitude
Escrevi há alguns anos atrás um texto sobre solidão, e como era possível observar pessoas tentando encontrar modos de espantá-la ou disfarçá-la. Engraçado que agora convivendo com pessoas de diferentes culturas, enxergo esse tema com outra visão. Percebo que europeus tem um pensamento diferente em relação a estar só. Ou seria ficar só? Eles encaram isto da segunda maneira.
Muitas pessoas aqui optam por ficarem a sós consigo mesmas, e isto não significa que elas sejam solitárias. É possível nomear este estado como solitude. Nós latinos temos muito mais a necessidade de estar com outras pessoas, sentimos mais a solidão. Percebo que aqui as pessoas valorizam este momento de ficar só, curtindo a si mesmo. Ficar só não significa necessariamente estar sofrendo pela falta de alguém, muito pelo contrário. Quer dizer que nos sentimos bem o suficiente para não precisar de outros o tempo todo.
Pode parecer contraditório escrever sobre este desejo de ficar só, ao comparar com o que escrevi no texto sobre conexões. Mas, até mesmo redescobrindo o poder das conexões, também redescobri o poder da solitude e do silêncio. Procuro extrair todo e qualquer ruído mental interno e externo que possa me surgir ao menos umas três vezes ao dia. Este exercício de contemplar a solitude e o silêncio tem se mostrado muito benéfico.
Experimentar estes momentos ajuda a melhorar minhas conexões. Quando não se está desesperado evitando a solidão, é possível simplesmente estar. Estar e contemplar são atividades que me deixam tão confortável, que quando estou com outras pessoas, simplesmente consigo extrair o melhor destas vivências. Se isto é fácil? De forma alguma. O tempo todo tento retomar meu foco, mas isto é um assunto para outra postagem.