Alfarrábios

Realmente dá vontade de espirrar, mas sempre uma, ou outra situação, nos obriga a fuçar naqueles cartapácios, que possuem registros dos quais não me lembro nem a razão de terem sido registrados.

Desentranhando as pilhas de ácaros, digo, de papéis encontrei uma velha foto, que me causou emoção, era uma bela moça, apenas não me recordo se era de uma velha tia, a tia Firmina, mas podia ser também da Glorinha, velho e antigo amor, o último que vivi, antes de partir como integrante das Forças Expedicionárias Brasileiras. A menina da foto era linda, mas eu sinto uma sensação quase que incestuosa, com a dúvida que ela me provocou... afinal era tia Firmina, ou era a Glorinha? Aqui cabe uma ressalva, escrever Firmina com F foi uma licença poética, pois o Firmina da titia era com PH, como de resto, tudo naquele acervo se valeu da velha ortografia.

Quantos invólucros de Sonho de Valsa eu encontrei, o que me faz perguntar: eu tive tantos amores assim, ou foi essa quantidade de chocolate que me fez gordo, para o resto da vida, ou, ainda, ele era a guloseima mais barata que existia?

Uma outra foto me confundiu, um velho militar(aliás tudo era velho ali), com galardões espalhados pela jaqueta, segurando pela corrente, um velho e e amado, eu desconfio, mamute de estimação, ou era um filhote de tiranossauro? Eu só posso afirmar que se tratava de algum bichinho já extinto

Um velho, perdão pela redundância, cartão desbotado, com letras ilegíveis, maltratadas pelo temo, tentava dizer ......mérida, você será meu eterno amor; sinceramente, o início do nome dela está apagado pelo tempo, doravante vou chamá-la apenas de Mérida, e Mérida usava um lindo camafeu, que reduzia a zero a generosidade do seu decote

Uma foto de família, onde todos levantavam as taças, o patrono, que pelas semelhanças poderia ser Noé, o legítimo, ostentava uma cálice, que também pela semelhança, poderia ser o Santo Graal, o legítimo.

Encontrei uma velha escritura, e não estou me referindo ao Velho Testamento, era o certificado de uma propriedade, que se ainda fosse minha, com certeza faz de mim um milionário, vou investigar a autenticidade da peça.

O que realmente me preocupa foi uma ossada que encontrei na prateleira, onde estavam os antigos papéis, teria sido de um fóssil que comprei em Ouro Preto, ou eu teria esquecido de alimentar aquele que pode ter sido um lindo peixinho....do aquário, postado, como vigilante atento, bem ao lado dos fossilizados ossinhos?

Devolvi tudo ao antigo, redundância novamente, baú e, como se viajasse na máquina do tempo, me trouxe De volta ao Futuro

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 22/05/2018
Reeditado em 24/05/2018
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