Encantado

Era uma vez um casal que decidiu, como tantos outros casais, partir para as cerimônias de véu, flores e ternos austeros. Eram pessoas da mais pura carne e o mais puro osso, e seus emaranhados de veias, cabelos, peles e demais coisas das quais as pessoas são formadas.

Era uma vez um casal entrando numa igreja antiquíssima e serena, com olhos de tijolos e orelhas de veludo, castiçais, cadeiras e um altar. Ela com o nome dela, ele com o nome dele. E da união dos nomes, nada surgiu, posto que não mudaram seu nomes. Talvez ela o tenha aumentado, mas isso não faz diferença agora.

Era uma vez um coral, e muitas mulheres, e muitos homens, e muito de muita coisa.

Todo mundo parou para ver a união desses dois, e ficaram tanto tempo parados e aficionados nisso que nem perceberam que seus quintais pegaram fogo, que seus nomes não foram citados e que ninguém parou a fim de olhá-los com a mesma intensidade e vigor, curiosidade e seja lá o que for com que dispensaram ao casal.

No fim das contas, casados estão, e a história de cada um parou por um momento, fugaz e dispensável.