"E AGORA, DRUMMOND?"

1---Baú, velho caderno universitário que achei, de longe vindo um cheirinho de bolo de fubá, garapa e 'queijim" de Minas........ /// CDA, contista-cronista-poeta: constante procura de novos meios expressivos. Movido pelo sentimento do mundo... numa complexa temática oscilante entre dois pólos: inquietação pessoal com seu "eu" poético /reflexão eXistencial/ (tom recatado e seco, não fala de si espotaneamente como MANUEL BANDEIRA) e social (o mundo é constante em sua obra). Também questiona a própria poesia e a função dela no mundo. Maioria da obra em verso livre ou irregular, incluindo características formais de poesia concreta.

2---Poema MÃOS DADAS, do livro "Sentimento do mundo", 1940, da sua maturidade e escolha, perplexo ante os acontecimentos ruins: eclosão da Guerra Civil Espanhola, da II GM e a ascensão do nazi-fascismo - preocupação sócio-política, mundo fragmentado, caótico, temática constante: vê a si próprio como um homem comum; ----- 2 estrofes, com 7 versos ou linhas - versos isométricos (diferentes números de sílabas), esquema rítmico variado, linguagem do nível coloquial; ----- não rimas consoantes, apenas toantes (vogais) externas e internas / poesia de ritmo solto, quase prosaico, versos livres, típico do Modernismo: versos 1-2-4, mUndo, cadUco, futUro, tacitUrnos (tristonhos, calados) -- v.3-6, companhEiros afastEmos -- v.8-9-10-11, verbos no futuro (início do verso), -ei -- v.9-10-11, suspiro, vista, suicida, serafins; ----- intenção de definir sua linha de produção poética, excluindo os temas que emocionem os leitores; ----- negações: nega todas as formas de fuga da realidade, olhos atentos voltados para o momento presente, vendo como regra primeira a união, o trabalho coletivo, para uma possível transformação da realidade - v.1, "um mundo caduco", isto é, sem sentido e sem perspectiva, nada mais tem a ver com a realidade presente - v.2, recusa-se a sonhar com o futuro - v.7, nega a solidão, o isolamento - v.8-9-10-11, coisas que o poeta se recusa a cantar nos poemas - segunda estrofe marcada pela negação: esclarece o que seria fazer uma poesia alienada recusando a ela; ----- poeta recusa-se: "Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, / não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes (...) não fugirei para as ilhas (...) raptado por serafins (anjos da primeira hierarquia); ----- repetição do adjetivo "presente" ao final do poema - cantar o momento em que se vive: o presente, o aqui e o agora, o real; ----- mundo caduco ou futuro - não fazem parte da vida atual; ----- desejo claro de solidariedade com o mundo - homens e não isolamento: "Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas" - os outros homens estão sérios. mas cheios de esperança; ----- "o tempo presente, os homens presentes, a vida presente', melhor material para a poesia do autor.

3---Poema CONSOLO NA PRAIA, do livro "A rosa do povo", 1945, obra madura; ----- 6 quartetos de sílabas variadas em esquemas rítmicos, verso livre sem rimas; ----- o último verso de cada quarteto é sempre mais curto que os anteriores; ----- na primeira estrofe, oposições entre versos 1-2-3 X v.4; idem entre estrofes 3-4-5-6, oposições que reforçam o tom satírico do poema, a amargura e o pessimismo: terceira estrofe, não ter afeto ou posses, mas ter um cão // quarta, mágoas afetivas X superação pelo "humour" // quinta, mundo injusto + teu protesto inútil + outros protestos futuros // sexta, só resta o suicídio X consolo "Dorme, meu filho." -- ironia maior, o consolo impede o suicídio... ----- há muitas repetições - o paralelismo nos v.2-3-4 - efeito na primeira estrofe, v.2-3, contaminam os que os seguem, anulando a negação e reforçando a ironia contida; na segunda estrofe, o que resta desta vida quando o melhor já passou (infância e mocidade), paralelismo com v.1-2-3, mesmo efeito: de nada adianta um coração parado, sem exercer a função de amar... ----- na primeira estrofe, oposição entre versos 1-2=3 X v.4; idem entre estrofes 3-4-5-6; ------ recusas nos versos 8-9: lirismo amoroso poesia de circunstância, melancolia (poesia romântica) e poesia simplesmente descritiva (escola parnasiana) - alusão que tais temas estão superados, não cabem mais na poesia moderna; ----- recusa no v.11, yema frequente em poesias modernistas, fuga para o paraíso terrestre (talvez ilhas do Pacífico, onde sempre brilha o sol e talvez a natureza forneça tudo a ociosos habitantes ou a fuga imaginária, rapto pelos serafins... - tema da evasão ou recusa da realidade presente, v.2, "qualquer viagem" é uma forma de evasão; ----- tempo dos verbos negativos - nas recusas, o futuro, nos outros, o presente e o imperativo; ----- afirmações nos v.2-3-5-6: na primeira estrofe, poeta solidário a companheiro; na segunda, verbo dos versos afirmativos é o pretérito.

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CDA??? - LEIAM meus trabalhos: "Achado", "Cortesia" (em "Inspirações III"), "Portão", "Primeiro automóvel" e "Quadrilha" (aulas - ensino fundamental e ensino médio) // "Inspirações" - II, "O homem, as viagens" - I e II, "Pregões de antigamente" - I e II, "Unidos Bandeira & Drummond" - I e II e "Voltando a Drummond" - I a IV.

F I M