Angustias de segunda feira pela manhã.

Não sei se é ressaca moral, física ou uma combinação. Me encontro em minha sala tentando escrever pra ver se alivia o incômodo. Não chega a ser dor. Não é dor. É incômodo.

Ligo na rádio de notícias. Ouvindo a impopularidade recorde do presidente, começo a me sentir melhor.

Queria um personagem como Spyder Jerusalem. Mas fuçando a realidade, a malha político-econômica é mais suja e amedrontadora que a ficção.

A repórter a bordo do helicóptero da emissora, antes de anunciar as mortes do trânsito no fim de semana, diz que a camada de nevoa sobre a cidade de São Paulo deixa uma impressão bucólica...

Pode ser que eu assista alguma coisa

Aquele filme que eu comecei ontem me pareceu interessante. Preciso ouvir mais Jazz.

Não tava nem três horas que estou no escritório e já vi um filme sobre uma sociedade totalmente conectada onde não existe anonimato (pelo menos legalmente), as tramas e assassinatos que levaram Kim Jong-Un ao poder, removendo sistematicamente quem estava em seu caminho, inclusive tios e irmãos. (Parece uma história da máfia italiana...) Uma reportagem sobre a Deep Web e a Dark Web, que só mostra quanto a raça humana é, além de perversa, tarada. E, pra finalizar, um hacker que invade perfis do Estado Islamiso em redes sociais e posta pornografia gay.

Realmente estamos hiperconectados. Mas falar isso é chover no molhado. E não falar é se abster da discussão mais relevante da atualidade. Afinal, não foi com a ajuda das fake News do facebook que Trump se elegeu Presidente dos Estados Unidos? Esse ano abriga a eleição presidencial mais idiossincrática da breve janela de democracia que tivemos até agora. E, quem quiser ser levado a sério no cenário eleitoral, não pode subestimar o poder da rede. As vezes o candidato pode não saber clicar com o botão direito do mouse, mas vai ter uma equipe de TI a postos pra emplaca-lo em tudo que é social media.

Existe um aplicativo pra tudo. Você já deve ter percebido. Desde a tabela do campeonato, passando por skins de bichos fofinhos, até IA avançada que pode te ajudar a investir no mercado de ações ou realizar uma cirurgia no cérebro de um paciente.

Há quem tenha medo do constante aumento do protagonismo da tecnologia na nossa vida diária. Um amigo meu uma vez se sentiu culpado por usar um totem eletrônico de autoatendimento em um supermercado do que um caixa com uma pessoa de carne e osso. Havia músicos no início do século vinte que eram contra a gravação das melodias por que temiam perder seu ofício. No Brasil houve uma marcha contra a guitarra elétrica em 1967. Todo mundo conhece o caso do Metallica contra o Napster, isso só pra não sair do mundo da música. É como tentar conter uma inundação com um balde. Evolução não é necessariamente melhoramento, mas sim adaptação. Mesmo que você não tenha uma conta no Facebook, tem alguns outros milhares de mecanismos online te rastreando.

Conclusão? Acho que ainda não há. Além da morte, a única certeza é que não há.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 11/06/2018
Código do texto: T6361194
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