Cachaça

Eu já não me importo com o olhar de reprovação dos balconistas dos botecos que frequento quando peço cachaça às oito da manhã.

Há tempos eu tomava um certo cuidado. Procurava não repeti-los já que, o que não falta, são fontes de cachaça pelo caminho. Atualmente, ou já passei por todos, ou esqueci os quais são os inéditos.

Isso vai me sugar, até a morte.

Eu já não fico bêbada com tão pouco... Só entorpeço.

Choro um pouco. Respiro.

Nem tenho sono.

Queria que durasse... Mais, mais, mais, um pouco mais.

Mas não dura. A anestesia precisa de manutenção.

O dia todo.

Até a volta.

Eu não gosto de voltar.

Eu tenho medo da volta.

Patricia Petta
Enviado por Patricia Petta em 11/06/2018
Código do texto: T6361286
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