Carrinho de lata

Quanta saudade eu tenho dos tempos de outrora. Estava começando o segundo semestre do ano de 1972 e despedíamos do barracão da dona Ritinha, local também que causara muita nostalgia, como relatado anteriormente na crônica "Barracão da dona Ritinha".
Agora iríamos morar no bairro universitário, no Caladinho de Baixo, na rua G, casa 09, essa foi a primeira casa que obtivemos e da mesma forma foi a última, todavia ficaríamos livres do aluguel por um período de três anos.
Estava eu todo eufórico com a nova casa. Ela tinha uma escada, pois a mesma fora construída num pequeno planalto. No seu exterior eram tijolos à vista pintados na cor verde bem clarinha, passeio rodando toda a casa novinho, sem falar num belo quintal onde poderia plantar de tudo. No seu interior todas as paredes eram rebocadas e pintadas de branco, exceto a da sala que era de tijolo à vista, mas não era pintada, cabendo ao dono fazer o que melhor lhe conviesse, todos os pisos eram de taco, com exceção da cozinha e do banheiro que o piso era de cerâmica vermelha.  Sendo assim a casa era constituída de três quartos, uma sala bem espaçosa, um banheiro, uma cozinha e uma pequena área de serviço. Tudo ali era novidade pra mim.
Tem um ditado popular muito sábio que diz o seguinte: "Deus dá frio conforme o cobertor". E isso é a pura verdade, fico vendo como é sábio o agir de Deus. Naquela época tínhamos pouco recurso, contudo nada iria nos faltar, inclusive a diversão. Como faltava o dinheiro para comprar os brinquedos, o jeito era partir para o improviso, como todas as casas do bairro eram feitas de taco, esse material tinha com abundância, e era justamente o taco, a matéria-prima principal para a confecção dos nossos carros, a partir de então essa fase iria deixar lembranças.
O taco tinha a dimensão de 21x7 centímetros, e ele seria usado como o chassi do carro, as rodas eram confeccionadas de chinelo, para fazer o eixo dianteiro e traseiro das rodas arrumávamos um pedaço de arame grosso, a cabine e carroceria ou caçamba do caminhão eram confeccionadas com lata de óleo, aí era só arrumar alguns pregos e o caminhão estaria pronto para o trabalho, desculpa para a brincadeira, rs.  E era assim que ficávamos horas e mais horas divertindo com as nossas invenções. 
Foi uma época que dinheiro não tinha, mas confesso-vos que em momento algum precisei dele para ser feliz, e como eu me divertia com as minhas criações. são nessas pequenas coisas que eu vejo o zelo e o cuidado de Deus para com as nossas vidas, louvado seja o Senhor e a Ele rendo todo o louvor.  
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 13/06/2018
Reeditado em 13/06/2018
Código do texto: T6363359
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