Como seria...

Hoje voltei para reviver o passado, impressionante tudo está mudado, menos da minha visão, morava distante de tudo, para frequentar a escola era uma batalha, estrada de chão, árvores nativas para todos os lados, criança sempre tem medo... Em um determinado percurso, parava, ouvia, prestava bastante atenção, melhor dizendo descansando um pouco, tomando um novo “folego”, logo ali em frente, perto de uma árvore, a mais grande que enxergávamos de longe, parecia até ser a mãe de todas, bem no pé dessa enorme, os moradores antigos do lugar diziam que habitava um espírito maligno, que atacava às pessoas que por ali passavam, levando-os para um lugar muito distante, onde nunca mais poderíamos ver os nossos parentes e amigos.

Morria de medo imaginando um dia ser atacado, quanta saudade iria sentir da minha mãe, do meu pai, dos amigos e dos meus parentes, mas se fosse atacado, será que um dia iria poder ver eles novamente, e se conseguisse voltar queria abraça-los tanto, mas tanto, queria ficar dias abraçado com eles e a minha cobertinha, àquela de “Patinho” que me aquecera em tantos invernos, o “Péco” então, meu cachorro, parece que ele usava até relógio, todos os dias perto do horário de chegar ele vinha me encontrar na porteira... Que seria dele se não me visse mais? Mas agora descansado, é hora de fazer o sinal da Cruz pedindo proteção, “armava um corridão” e passava sem olhar para o lado da àquela que seria a mãe de todas, a volta era sempre a mesma situação, à semana, o mês e o ano todo era assim.

Mas como toda criança sonha em ser um herói, comigo não foi diferente, enquanto dormia, muitas vezes sonhava que estava voando, subia o mais alto possível, parecia estar flutuando, como era bom... Poderia fazer várias coisas, ajudar os Idosos, os Animais, ou quem estivesse em apuros, pois lá de cima à visão é privilegiada, então chegava muito mais rápido para ajudar, mas como fosse agora na vida adulta, não temos controle de certas situações, e repentinamente iniciava à queda, descia girando, girando muito rápido, o corpo tentava acordar mas era impossível, e quando faltava alguns metro para se espatifar no chão, acordava no sufoco.

Queria ser herói, só para desviar àquele maldito lugar... Queria voar, então tive uma ideia brilhante, uma super ideia, fiz alguns testes e deu certo, percebi uma grande possibilidade, para voar precisava de asas, então resolvi fazer um segundo teste, subi em cima de uma caixa d´ água que tinha aproximadamente uns quatro metros de altura, armei o guarda-chuva e me joguei, o guarda-chuva virou do avesso e não segurou o vento como havia feito no primeiro testes, pois puxava ele armado, quase não conseguia correr devido ele segurar o vento, perna e braço quebrado, trinta dias após, ainda doía bem menos que o medo de passar naquele maldito lugar.