DIVINA COMÉDIA, INVEJA, CHAMÃ.

Tomás de Aquino, teólogo, definiu a inveja como "tristitia alienum bonum". Tristeza pela felicidade dos outros.

Pareceria absoluta infantilidade assim se reduzir, mas o invejoso não é dono desse impulso. É resultado de uma vida e seu entorno.

A inveja conforme determinam os que tratam dessa parte dos sentimentos na pesquisa inerente psiquiátrica, deriva de frustrações e complexos.

Não se trata em querer o que os outros tem, a isso nomina-se absoluta cobiça.

A inveja é a tristeza pelo que o outro tem, é a dor pelo sucesso alheio, a dor pela dificuldade de entender a prosperidade, a beleza, a inteligência do outro. Não olha para si, vê apenas ao outro. A inveja é um tipo de cegueira.

Dante Alighieri colocou o invejoso, com os olhos costurados com arame.

O castigo dos invejosos, residiu na condenação de não ver mais nada, até expiarem seus enormes problemas vividos, depurando-os, purgarem esse vil pecado.

Os olhos costurados com arame figuram a não visão que a inveja provoca.

Na "Divina Comédia" o purgatório é sinalizado para uma montanha que olha para o céu, o Paraíso. Como gravidade, quanto mais baixo, mais vizinho do inferno. A inveja está no segundo terraço, íntima do inferno.

De nada adianta não nos voltarmos para nossos próprios passos na vida, vida por nós vivida, não somos a vida dos outros, nunca seremos.

Nós temos uma única cidadania não importando os valores e predicados que carregamos, quando voltados para o futuro, o esquecimento.

Comandam nossas vidas o passado e o futuro, eles fazem o presente.

Somente um Chamã pode ultrapassar essas barreiras do tempo e fazer do passado que foi de dor, para os invejosos, complexados, meio de receber paz e paciência e saber qual destino o futuro reserva.

Essa pátria dos esquecidos é identidade de todos nós antes mesmo de termos nascido.É condição e ação, meio e fim, início e término.

Quantos inocentemente sonharam em terem sido o que não foram, no sonho de não serem esquecidos, fugirem dessa cidadania de todos, serem festa e fama, celebridades enquanto viveram, não esquecidos; cegueira plena, inconsciência absoluta.

Faltam condições de conscientização, esquecem de lembrar que não serão lembrados todos, somente pouquíssimas almas que foram padrões de humanidade. Os invejosos precisam entender que o presente é ilusório, criação de nós mesmos quando se vai além do que se pode ir ou se quer ser algo quando não somos mais que esquecimento.

Muitos por falta de amor já adquirem em vida essa cidadania.

E por essa causa pessoal e inocente, serem lembrados, esticam tensamente um fio frágil de vontade, a de serem lembrados quando o tempo passar. Vontade, ilusão despercebida.

Quantos que muito foram em dias que foram presentes, habitam a morada do esquecimento.

Somente um Chamã, uma espécie de sacerdote, conselheiro e adivinho, tem sensibilidade para ascender sobre o que seja ser esquecido e do fato extrair ensinamento, ultrapassar o abismo entre a vida e a morte.

Algo silencioso se instala nos planos terrenos, calmo e oculto, além dessas visões menores, vindas dos pecados capitais, uma Luz mais elevada vai se estabelecendo, um exército consciente. Acontece essa revolução silenciosamente para que não existam mais essas almas.É uma operação permanente.Uma conspiração espiritual. Dela os doentes da alma não fazem parte.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 17/06/2018
Reeditado em 17/06/2018
Código do texto: T6366915
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