ESSE É O BRASIL QUE EU QUERO
Crônica de:
Flávio Cavalcante



Como seria o Brasil ideal para o brasileiro?
 
     Por onde deveria começar a mudança para pôr nos trilhos um país sem rumo e sem direção, como uma locomotiva desgovernada? Será que estamos prontos para uma mudança brusca, sabendo que vamos amargar com a perda da zona de conforto que estamos acostumados a viver, num deleite de prazer mesmo que inconscientemente sabemos que é de forma errada?
 
     Será que se olharmos diante de um espelho, mas olharmos profundamente dentro dos nossos próprios olhos, não vamos aos poucos desvendar esse mistério que o peso dessa locomotiva é a sobrecarga da inconsciência de cada um passageiro desse vagão? Será que dessa forma não vamos conseguir enxergar que para se ter qualquer mudança externa, precisaríamos de uma faxina consciente em nosso interior?
 
     Na estreia dessa copa tive um exemplo que para mim foi algo de uma naturalidade incrível, mas fiquei atônito com a expressão de perplexidade de um anoso.  Ao entrar num determinado supermercado para comprar algumas guloseimas para assistir a estreia do Brasil na copa de 2018, enfrentei uma fila homérica dentro daquele estabelecimento. Não costumo fazer as coisas de última hora; pois, conhecendo bem o meu povo, acostumados com o comodismo de tomar atitudes necessárias de última hora, precisei quebrar as minhas regradas manias e necessariamente tive que enfrentar o tormento de uma muvuca nervosa. Os ânimos de alguns torcedores presentes sem educação, querendo invadir algumas regras de filas achando que eles são muito espertos; na certa querendo subestimar a nossa inteligência; coisas típicas de brasileiro, que esquece que o seu direito começa quando o direito do outro termina.

     O mundo hoje em dia anda bem agitado e o povo esquece a priorização da vida que é o amor e o respeito ao próximo é de fato necessário para começarmos essa mudança em nosso interior.

 
     Depois de todo tormento de espera para ser atendido no caixa daquele supermercado, lembrei que eu precisava sacar um dinheiro num caixa eletrônico dentro do próprio estabelecimento comercial. Paguei minhas compras e saí direto para outra fila; dessa vez do caixa eletrônico. Percebi que um dos caixas estava vazio e perguntei a um senhor que também aguardava a sua vez, ele retrucou dizendo que não sabia o porquê daquele caixa estar vazio; pois, pelo fato dele ter chegado ali e o outro caixa não conter nenhum usuário ele imaginou que o mesmo tivesse com defeito.  Sem me fazer de rogado fui até a máquina e fiz menção que ia pôr o cartão. Logo percebi que havia um outro cartão ali já no local e conclui que alguém havia esquecido. Peguei o cartão e fui direto ao balcão de atendimento do estabelecimento e deixei o cartão por lá caso alguém fosse procura-lo.
 
     O mais curioso foi quando eu cheguei ao balcão. Um anoso assistiu toda a cena quando eu explicava que haviam deixado aquele cartão preso na máquina. Percebi de imediato que o velho homem escancarou uma expressão de perplexidade e não se conteve; me deixando sem entender a sua atitude e reação.  Abrindo aquele sorriso, o velho me agradeceu e disse "ESSE É O BRASIL QUE EU QUERO" com mais honestidade. Raramente encontramos pessoas com esse seu pensamento.
 
     As palavras daquele humilde homem deixaram-me reflexivo e preocupado; pois ali, a ficha pareceu cair por completo; uma simples atitude de honestidade refletiu como algo anormal e é de fato o momento que estamos vivendo; uma situação caótica por causa da falta de educação que gera uma mentalidade doentia onde se enxerga o erro como uma normalidade. Ser desonesto no Brasil é normal, praticar a honestidade causa espanto na concepção do nosso povo. Mas acredito que um dia o bem vai sobressair o mal e depois que tomarmos a pílula da consciência vamos ter finalmente o Brasil que almejamos, que queremos e principalmente que merecemos.
 
 
 
Flávio Cavalcante
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 20/06/2018
Código do texto: T6369399
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