"A unanimidade é burra"

"A unanimidade é burra"

Nelson Rodrigues tinha razão: nada mais cretino que a paixão política, ela é a única capaz de imbecilizar o homem. Assim, ídolos, deuses e mitos são construídos, resultados da infantilidade (quero crer) ou, simplesmente, por falta de músculos no intelecto.

Talvez, interesses dúbios e de vieses busquem a confirmação daquele ou daquilo. A premeditação em certificar, mostra a incapacidade de análise e dúvidas. Toda certeza é constatação de anemia política.

O blá blá blá de mão e contra mão aponta para destinos sem chegadas e uma liça sem razão de ser. Tudo passou a ter rótulo, conceito e definição. Mas, não há episteme, apenas doxa. O senso comum acusa, aponta e se mostra na extremidade. A voz agora é do anêmico intelectual, aquele que precisa do espinafre da sensatez. Na idiotia não há dúvida.

Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar. Nelson mais uma vez tem razão e, dessa forma, o certificado de apedeuta dado é em posts rasteiros e leituras fragmentadas a partir do ponto único de visão.

Nada mais cansativo que ler ou ouvir o “eu acho” e “na minha opinião”. Ainda assim, o sujeito-imediatista pensa que pensa e julga o outro a partir do seu mísero mundo e de sua estante vazia. A paixão (doença) precisa do remédio da consciência cidadã, entretanto, não há antibióticos para tantos enfermos hodiernos.

Confirma-se, então: a maior desgraça da democracia, é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade. A derrota é iminente.

Mário Paternostro