UMA IGREJA QUE ENCANTE OS ADOLESCENTES E JOVENS

“Os jovens têm o direito de receber da Igreja o Evangelho e de ser introduzidos na experiência religiosa, no encontro com Deus e no contato com as riquezas da fé cristã.” Doc. CNBB 85

A partir desse pensamento da CNBB observa-se que prática mais comum dos ensinamentos da fé à adolescência juventude é o enfrentamento com o mundo onde tudo é complexo e a criação de um espaço de “fuga da realidade” é real. E fomenta-se a contenção dos processos de evolução da adolescência e juventude. Essa dinâmica sem imposição de leis para o amadurecimento do adolescente e jovem é fundamental. Pois, um pensamento fundamentalista sobre a fé e a doutrina da Igreja para o agente a ser formado é uma grande descontentamento e pode fazer com que esse mesmo cristão iniciante se decepcione com o papel da religião em sua formação.

A adolescência e juventude é o momento em que os olhares, a atenção e as energias se voltam para o outro que está perto. Os adolescentes e jovens descobrem e usufruem a fraternidade dos seus universos e dos seus jeitos todos os dias onde se encontram . Descobrirão que todo ser humano vive em busca de um sentido, e que o Deus da vida é muito diferente do que eles ouvem falar nas Igrejas ou nos encontros sobre a fé. Eles acreditam de um jeito que os adolescentes e jovens de décadas passadas acreditavam.

Sabe-se que há um desafio na orientação para a fé, pois esta pressupõe compromissos permanentes, a fé pressupõe coerência com a vida, a fé requer adesão ao seguimento de Jesus fundado na vida eclesial. É realmente uma missão que os catequistas, preocupados com a evangelização dos adolescentes e jovens, têm que enfrentar e assumir, fazer com que Igreja seja atraente, que Jesus Cristo seja um compromisso assumido em prol da vida. E para isso a reciclagem contante dos catequistas é fundamenta.

Os jovens atuais não se caracterizam pela indiferença ante a religião, mas se encontram imersos em novo itinerário religioso, pelo qual eles mesmos constroem seu próprio universo religioso à margem da referência eclesial. E isso não é ruim, pois eles fazem a Igreja repensar os seus métodos, as suas reflexões sobre Jesus Cristo, sobre a fé, sobre a vida e sobre o relacionamento humano diante das diferenças. Ruim é ver alguns jovens inseridos em movimentos radicais, dentro e fora da Igreja, e isso prova a necessidade que os adolescentes e jovens têm de um referencial inteligente e convencedor com veracidade.

Os jovens de hoje vivem com urgência a busca de sentido que dê respostas às questões fundamentais do ser humano. Questões estas ligadas à Ciência, ao conhecimento, ao comportamento humano, às orígens das coisas. Essa busca, e sua abertura experiencial ao religioso, são duas perspectivas que deverão ser levadas em conta na catequese, já que potenciam o caráter pessoal e personalizador que deve ter o ato de fé, sem menosprezo dos componentes racionais e institucionais da mesma fé.

Esse tempo é marcado por uma mudança de época, com relação à prática religiosa. A adolescência e juventude atual não acredita mais em varinha de condão. Em milagres e muito menos em pecado como ainda é pregado. Um Deus milagreiro está longe do pensar dos adolescentes e jovens.

Os jovens e adolescentes, mais do que os adultos, estão diretamente orientados para uma religiosidade que busca adequar-se à realidade pós-moderna, mais racional, com mais argumentos pós e contra. Eles não engolem mais discursos prontos. Diante dessa realidade de desafios e desencontros, vê-se ainda nas comunidades alguns jovens que sentem necessidade de contato mais íntimo com Deus e com o outro.

A imagem a maioria dos adolescentes e jovens têm da Igreja é de uma instituição ultrapassada, burocrática, e que fala uma linguagem que não se conecta com sua vida e com a autalidade. Eles consideram a religião algo importante, mas que cada um deve acreditar ao seu modo, a partir daquilo que se sinta melhor. Há também uma parcela da juventude que atua na vida da Igreja, embora apresente muitas discordâncias com relação à sua ação, e essa participação é mais eventual do que efetiva. E temos jovens que participam efetivamente da vida da comunidade e consideram isso de suma importância para a vida, como algo que dá sentido à vida, mas isso também não os impede de serem questionadores com relação à Igreja.

A catequese na Igreja deve estar atenta a tudo isso, catequese tendenciosa a um ou outro movimento da Igreja, não cativa e nem encanta os adolescentes e jovens mais. É preciso avançar e entrar no mundo deles.

A catequese como educação da fé deve levar tudo isso em consideração e procurar desenvolver-se de maneira integral, dentro de uma pedagogia de caráter processual e dinâmica que valorize as dimensões da relação do jovem consigo mesmo, a relação com o grupo de catequese, com a sociedade, com Deus e com a Igreja, ou seja, uma catequese que conduza ao encontro transformador.

É isso aí!

BIBLIOGRAFIA

CALANDRO, Eduardo; LEDO, Jordelio Siles. Psicopedagogia catequética – Adolescentes e jovens. Vol. II. São Paulo: Paulus, 2010.

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 29/06/2018
Código do texto: T6377283
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