DEUS MORREU?

Não é audácia escrever sobre o Criador! É, em última análise, ser e efetivar-se como criatura. Não obstante, sentir-se seguro em explicitar algo sobre o que se conhece ou julga conhecer, enfim, é o desnudar-se de uma luz que tenta apagar, mas não apaga.

Assim é a fé. É o desabrochar de uma flor que tenta em vão nunca transformar-se em fruto, por conseguinte, semente. É viver intensamente a agonia da incerteza, mas jamais pairar na zona sombria do medo.

Ora, blasfemem quem quiser, a existência de Deus não é um cálculo matemático, muito menos um amontoado de palavras sintéticas, redundando somente num único entendimento.

É dizer, apoiando-se em Clarície Lispector: "... não tente entender, viver ultrapassa todo entendimento". Pois bem, vivamos o presente, longe das mágoas do passado e, inevitavelmente, encontraremos um futuro melhor. Talvéz assim, possamos compreender o que Clarície quis dizer.

Meu Deus, como é doloroso pairar na zona limítrofe da sensação de ter ou não fé.

Seria ingratidão dizer que Deus muita vez morre. Morre ante nossa ignorância! E não são poucos os momentos que nos falta o discernimento: quando falo mal de meu próximo; ao não ser suficientemente capaz de agir em prol do outrem carente; ao fechar os olhos para a dura realidade social - simplesmente acatando o argumento de que a culpa não é minha - enfim, são muitos os instantes que penso agir com a sabedoria da ciência e, quando em verdade, estou sendo mais um mesquinho.

Então penso: Deus morreu? Não. Pode ser mais um degrau que necessito subir nessa longa escada do conhecimento de que não é fácil admitir a provocação do silência de Deus.

Como bem dito por Madre Teresa, em 1956: "... Tão profunda ânsia por Deus e... repulsa, vazio, sem fé, sem amor, sem fervor. (Salvar) almas não atrai. O céu não signfica nada. Reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo".

Que brilhante fé! Mesmo em abnegação, a Santa Madre Teresa não conseguiu ser incrédula. Hà, mormente, a irrefreável vontande de estar próxima ao Criador.

Em suma, pode-se dizer que Deus morre para aquelas pessoas medíocres que acreditam ser fácil o Seu caminho e, invariavelmente, renasce a cada dia para as pessoas que lutam em acreditar que, apesar de tudo, é imprescindível sorrir para Deus.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 04/09/2007
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