Imagem do Google - Esse é o prédio onde era a sede da empresa estatal a qual eu me refiro

ALTOS E BAIXOS DA VIDA NUMA EMPRESA ESTATAL
              
          Trabalhei muitos anos numa estatal, que em 1999 privatizou, foi vendida a preço de bananas na era FHC e sem piedade fomos demitidos. Houve uma demissão em massa. Na época meu salário era razoável. Mas o que me fascinava era porque eu fazia aquilo que mais gostava. Trabalhar com telefonia sempre fora meu sonho e esse foi um dos objetivos alcançados. Para mim foi um baque tão grande que quando fiquei desempregado, pegava uma bolsa com a documentação, saía à procura de emprego. Do tanto receber “não”, havia perdido a coragem em ir em frente. Como diz o velho ditado: eu chorava e minha mãe não via. Essa foi a fase mais negativa que passei na minha vida em se tratando dessa grande empresa. Ali eu considerava uma extensão do meu lar. Como me sentia bem estando trabalhando lá. Como foi triste essa fase. Eu pensava em tirar minha própria vida, mas pensava nos meus filhos. Eram todos menores e precisavam de mim. Essa foi uma das vezes em que o Senhor me carregou no colo.

          Muitas coisas boas e lindas me aconteceram na época de telefonia. Desde criança eu escrevia poesias e inventava histórias que mais tarde aprendi que aquilo se chamava conto. Relato curto, num único capítulo, real ou imaginário, mas tem que ter início, meio e fim. A empresa promovia sempre no final do ano, concursos culturais de pinturas, desenhos, fotografias e literaturas. Pela primeira vez me inscrevi num concurso desses. Nesta feita mandei um conto com o título: Mané Medalhão. Na época das sofridas datilografias. Nesse mesmo tempo um dia antes do prazo de encerramento das inscrições, resolvi fazer um poema já de noite. Fiz o rascunho e logo em seguida datilografei.  – A sorte está lançada – pensei. O título da poesia era: Olhe para o alto. O pior que não fiquei esperando nada. E não há de ver que fui classificado nas duas modalidades? Do primeiro ao terceiro lugar o prêmio era em dinheiro. A menção honrosa era para os trabalhos classificados, mas que não ficaram entre os três primeiros. Quando saiu o resultado até eu duvidei. Fiquei com a medalha de menção honrosa no conto e em segundo lugar em poesia. Essa foi uma experiência abençoada no mundo da literatura, o qual eu tanto gosto.
          Interessante que depois continuei participando, mas nunca mais fui classificado naqueles concursos da referida estatal. Mandei um conto que achava que iria ser escolhido, com o título: O Pequeno Marcelo. Não fui classificado. Depois surgiu outro concurso literário numa outra cidade e eu resolvi mandar o mesmo trabalho, sem tirar nada e nem acrescentar. Exatamente como havia mandado para o departamento cultural da empresa. Resultado: Fiquei em primeiro lugar. Por conta disto, está num livro que foi editado, contendo os trabalhos classificados da Secretaria de Cultura daquele município.  (Esses trabalhos mencionados estão publicados na minha página no site Recanto das Letras).
          Na nossa vida como dizemos, é cheio de altos e baixos. Nunca podemos desistir dos nossos ideais. Na época da demissão foi quase insuportável, mas com fé, luta e persistência, chegaram os tempos de refrigérios e de cantar o hino da vitória. Hoje mesmo aposentado trabalho na Secretaria da Educação do Paraná e escrevo romances, contos, crônicas, poesias e outros.
 
(Christiano Nunes)