Minha agenda caiu na poça d’água!

É. Minha agenda caiu na poça d’água.

O compromisso que eu teria na semana que vem ficou adiado sine die. O endereço do médico e a data da consulta ficarão para sempre esquecidos. Este ano não mais farei aniversário.

A poesia que eu havia escrito ficou ilegível, e as rimas se misturaram. Perdi o cartão com aquele telefone para o qual um dia iria ligar. O Natal grudou no Ano Novo, e o Dia das Crianças se foi.

Aquela anotação importante agora não é mais. Todas as minhas senhas (que nunca me falhe a memória!) ficaram de fato secretas. O desenho se confundiu com as medidas, e as medidas se confundiram entre si.

Os endereços e telefones, os e-mails e celulares escorreram para fora como chocolate derretido. A capa grudou na contra-capa: também não escapou.

Perdi todos os meus amigos, meus parentes, meus clientes. Perdi meus fornecedores, meus contatos, meu networking e meu netloving. O ano resultou inútil.

Mas uma pétala de flor, que boiava na poça d’água, colou-se num dia específico da minha agenda destruída; um dia que eu acho que ainda não chegou. Vou esperar. Deve ser um dia especial, entre o equinócio de primavera e o solstício de verão. Que dia será esse? Uma quinta feira? Uma sexta?

Não sei. Perdi um ano inteiro, mas ganhei uma esperança.