UM ESCARAVELHO NA PRAIA
O casal caminhava na praia, quando a mulher para repentinamente.
- Olhe! Um escaravelho...
- Escaraoquê?... Esse besourinho.
- Besourinho? No Egito antigo simbolizavam a riqueza eterna.
- E agora uns meros rola-bostas, interrompe o homem.
- Não é um rala-bosta... É um escaravelho... Você é um chato! Assustou o bichinho.
O escaravelho - rola-bosta ou rinoceronte - dá uma corridinha, para a uma distância segura e olha o casal com ar de desapontamento.
Ela tenta uma aproximação:
- Bom dia, senhor Escaravelho!
O besouro foge, temeroso...
- Tente Senhor Rala-bosta, zombeteia o homem.
O Besouro parece ofendido... Talvez prepare o bote para morder um coração.
- Respeite o passado do escaravelho, adverte a mulher. Podem até ter perdido um pouco de seu charme, mas já enfeitaram os dedos das cortesãs preferidas dos faraós.
- Quem teu viu, quem te vê, hein Senhor Escaravelho! Não fique tristinho. A vida é assim mesmo... Cheia de vai-e-voltas.
O Besouro parece desistir da conversa e segue seu rumo, sem destino.
O casal retoma a caminhada, sem mais conversarem... O besourinho volta a ser apenas um insignificante pontinho negro na areia.
Na manhã seguinte, caminhavam na praia, quando a mulher para repentinamente.
- Olhe! Nosso escaravelho...
- Nosso Escaravelho? Esse rala-bosta?
- Bom dia, Senhor Escaravelho...
Por via das dúvidas, o Besouro dispara em fuga.
- Vamos começar de novo? Adverte o Homem.
- É mesmo! Que doidice a nossa! Discutir por um Escaravelho.
- Rala-Bos...
Trocam um sorriso, dão as mãos e seguem a caminhada.
O escaravelho fica ao longe, sem nada entender.