UM ESCARAVELHO NA PRAIA

O casal caminhava na praia, quando a mulher para repentinamente.

- Olhe! Um escaravelho...

- Escaraoquê?... Esse besourinho.

- Besourinho? No Egito antigo simbolizavam a riqueza eterna.

- E agora uns meros rola-bostas, interrompe o homem.

- Não é um rala-bosta... É um escaravelho... Você é um chato! Assustou o bichinho.

O escaravelho - rola-bosta ou rinoceronte - dá uma corridinha, para a uma distância segura e olha o casal com ar de desapontamento.

Ela tenta uma aproximação:

- Bom dia, senhor Escaravelho!

O besouro foge, temeroso...

- Tente Senhor Rala-bosta, zombeteia o homem.

O Besouro parece ofendido... Talvez prepare o bote para morder um coração.

- Respeite o passado do escaravelho, adverte a mulher. Podem até ter perdido um pouco de seu charme, mas já enfeitaram os dedos das cortesãs preferidas dos faraós.

- Quem teu viu, quem te vê, hein Senhor Escaravelho! Não fique tristinho. A vida é assim mesmo... Cheia de vai-e-voltas.

O Besouro parece desistir da conversa e segue seu rumo, sem destino.

O casal retoma a caminhada, sem mais conversarem... O besourinho volta a ser apenas um insignificante pontinho negro na areia.

Na manhã seguinte, caminhavam na praia, quando a mulher para repentinamente.

- Olhe! Nosso escaravelho...

- Nosso Escaravelho? Esse rala-bosta?

- Bom dia, Senhor Escaravelho...

Por via das dúvidas, o Besouro dispara em fuga.

- Vamos começar de novo? Adverte o Homem.

- É mesmo! Que doidice a nossa! Discutir por um Escaravelho.

- Rala-Bos...

Trocam um sorriso, dão as mãos e seguem a caminhada.

O escaravelho fica ao longe, sem nada entender.

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 16/07/2018
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6391926
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